Quinta feira da Primeira Semana da Quaresma. Tempo de conversão! Além da busca de nossa conversão pessoal e comunitária, ao projeto messiânico de Jesus, seguimos refletindo com a proposta de mais uma Campanha da Fraternidade. Já fazemos isto há 60 anos, em que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nos propõe um embasamento para as nossas reflexões. Com o tema “Fraternidade e Amizade Social”, cujo lema é “Vós sois todos irmãos e irmãs”. (Mt 23,8) Conforme o Texto Base da Campanha, o objetivo geral é: “despertar para o valor e a beleza da fraternidade humana, promovendo e fortalecendo os vínculos da amizade social, para que, em jesus cristo, a paz seja realidade entre todas as pessoas”.
Conforme a orientação dos bispos, antenados com o Papa Francisco, a Campanha da Fraternidade de 2024, quer ser este momento para analisar as diversas formas da mentalidade de indiferença, divisão e confronto em nossos dias e suas consequências para toda a humanidade, inclusive na dimensão religiosa. Não se trata de uma proposta “esquerdista da Teologia da Libertação”, como um determinado seguimento ultraconservador, divulga erroneamente e de forma mentirosa, nas redes digitais. É o colegiado de bispos da CNBB que propõe como reflexão do cristão engajado no mesmo projeto libertador de Jesus de Nazaré.
Uma quinta feira em que amanhecemos nós daqui da terra de Pedro, pensando no outro lá de cima. Não pela chuva que cai insistentemente sobre o Rio Araguaia, mas porque no dia de hoje, a Igreja Latina celebra a Solenidade da Cátedra de São Pedro, Apóstolo. Uma festa, cuja tradição, remonta ao século IV. Nesta festa, fazemos a memória da missão confiada ao apóstolo Pedro, e também aos seus sucessores. A “Cátedra” de São Pedro é a representação daquele que foi escolhido por Jesus como “rocha” sobre a qual a Igreja foi edificada (Mt 6,18). Desta forma, Pedro e seus sucessores, foram escolhidos como sinal de unidade e referência para prosseguirmos no nosso caminho, com confiança e segurança.
Quisera eu ter rezado nesta manhã companhia de nosso Pedro daqui. O outro Pedro não facilitou as coisas. Assim como aquele Pedro, marcou a vida das primeiras comunidades cristãs, esse nosso daqui, nos ensinou a trilhar os mesmos caminhos de Jesus de Nazaré, sendo uma Igreja pé no chão, em sintonia com a mística dos mártires da caminhada, inclusive do apóstolo que foi martirizado a mando de Nero. Um simples pescador, recebe de Jesus o chamado para fazer parte do grupo d’Ele e ser uma peça chave do discipulado: “De hoje em diante você será pescador de homens”. (Lc 5,10) Ou seja, fazer com que as pessoas participem da libertação trazida por Jesus e que só pode realizar-se no seguimento d’Ele, mediante a união com Ele e sua missão.
O texto trazido pela liturgia desta quinta feira é emblemático para a nossa compreensão da revelação do messianismo de Jesus. . Dos 28 capítulos de Mateus, o capítulo 16 é talvez um dos mais importantes, porque nele podemos receber a completa revelação do Messias. Jesus está em Cesareia de Filipe. O distrito de Cesareia encontra-se muito próxima do Mar da Galileia, mais para o norte. A distância de Jerusalém é de aproximadamente de 109 km. Jesus, portanto, não está no centro, mas na periferia, como foi a maior parte de suas atividades messiânicas. Estando ali, Ele faz uma enquete com os seus discípulos para saber deles, quem era Ele para eles e também para o povão em geral: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” (Mt 16,13); “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,15) Estas perguntas de Jesus força o seu discipulado a fazer uma revisão de tudo o que Ele havia realizado no meio do povo.
Em nome dos demais discípulos, Pedro responde acertadamente: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. (Mt 16,16). Enquanto o povo, não havia entendido ainda, quem era Jesus, Pedro faz uma das maiores e mais importantes profissões de fé de todo o Novo Testamento. Por isto ele é estabelecido por Jesus como o fundamento da comunidade que Ele está organizando e que deverá dar continuidade às suas ações, como sinal de unidade. Jesus confere a Pedro o exercício da autoridade sobre essa comunidade. Autoridade de ensinar e de introduzir as pessoas nela. Cada um de nós somos, de certa maneira, este Pedro que assumiu o compromisso de seguir os passos de Jesus. Todavia, a pergunta de Jesus também continua sendo feita a cada um de nós: “Quem sou Eu para você?” O que você diz às pessoas a respeito de mim? De que maneira você vive e responde ao messianismo revelado por Jesus de Nazaré? Viva os “Pedros” e viva o Papa Francisco, Pontífice da Igreja que quer ser do Messias!
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