Terça feira da Décima Segunda Semana do Tempo Comum. A semana vai se constituindo e a nossa expectativa por aqui, aumentando. Tudo por causa dos preparativos para a posse do novo bispo, de nossa Prelazia de São Félix do Araguaia. Dom Lucio Nicoletto, tomara posse no dia 30 deste mês. Escolheu a cidade de São Félix para ser o local da sua cerimônia celebrativa de posse, às 10:00 horas, iniciada no túmulo de Pedro, e concluída no Centro Comunitário Tia Irene. Uma decisão que nos encheu de esperança, pois acreditamos e estamos apostando que o mesmo dará continuidade ao legado de Pedro, tão forte e ainda vivo nesta Igreja: “E este sol e estes rios e esta terra comprada, como testemunhas da Revolução já estalada”.

Dom Lucio será o nosso terceiro bispo, depois que Pedro apresentou sua renúncia à Prelazia, conforme o Can. 401 §1 do Código de Direito Canônico, sendo aceita pelo Papa João Paulo II, em 2 de fevereiro de 2005. Seu sucessor foi Dom Leonardo Ulrich Steiner, O.F.M, de 2005 a 2011. O segundo bispo da Prelazia foi Dom Adriano Ciocca Vasino, assumindo em 2012, e apresentando sua renúncia no início deste ano de 2024. A renúncia é um procedimento comum quando o bispo atinge a idade de 75 anos, conforme estabelecido pelo Código de Direito Canônico. Assim, a prelazia de São Félix, que teve a sua história iniciada em 1971, completando neste ano seus 73 anos bem vividos, na defesa dos empobrecidos desta região, fazendo jus ao pensamento de Pedro: “Na dúvida, fique do lado dos pobres”. Seja bem-vindo, Dom Lucio, e nos ajude a revitalizar o legado de Pedro!

Somos, ou queremos ser a Igreja do caminho! O movimento de Jesus foi identificado, desde as primeiras comunidades, como o povo do caminho. Pelo menos é assim que esta registrado no Livro de Atos dos Apóstolos, como um dos modos de designar a Igreja como comunidade dos discípulos era chamá-la de “o Caminho”; e os discípulos de “os do Caminho”. No Caminho todos somos irmãos e irmãs, e ninguém é considerado superior ao outro. No caminho todos se ajudam, uma vez que no Caminho todos podemos cair e também levantar, pois um ajuda o outro a se levantar. A força maior que une os “do caminho”, é o amor: “Todos os que abraçaram a fé eram unidos e colocavam em comum todas as coisas”. (At 2,44)

Excepcionalmente nesta terça feira, não estamos dando continuidade ao Evangelho de Marcos que vínhamos fazendo, com a reflexão em torno do “sermão da Montanha”, e os ensinamentos de Jesus. A liturgia deste dia nos reservou uma perícope de outro Evangelho Sinótico (Mt 7,6.12-14). Quatro versículos de uma densidade profunda, cuja centralidade do texto, está no versículo a seguir: “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso é o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ele!” (Mt 7,13) Nos ensinamentos de Jesus aos discípulos, Ele cita os provérbios das duas portas e dos dois caminhos. Lembrando que estes provérbios eram utilizados pelos moralistas da época, para indicar o caminho da virtude, estreito e difícil, e o do vício, espaçoso e fácil. Entretanto, a conotação que Jesus quer dar é outra: a porta e o caminho estreitos, da renúncia, do seguimento, da cruz, do calvário, levam à vida; a porta e o caminho espaçosos, da satisfação dos desejos e apetites desordenados, levam à perdição. Dois caminhos, uma escolha a se fazer, esta é a provocação de Jesus.

“Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles. Nisto consiste a Lei e os Profetas”. (Mt 7,12) No tempo de Jesus, “Lei e Profetas” indicava todo o Antigo Testamento: os relatos da caminhada do povo semita. Esta “regra de ouro” nos convida a ter para com os outros, a mesma preocupação que temos espontaneamente para conosco mesmos. E aqui não se trata de uma visão puramente calculista meritocrática, ou seja, dar para receber, mas de uma compreensão do que seja o amor do Pai na sua dimensão maior. A opção fundamental do discipulado de Jesus é buscar a justiça do Reino (entrar pela porta), dando continuidade a missão nessa busca fundamental (caminho). A escolha verdadeira nunca será feita pelos indecisos e acomodados. Jesus é a porta para a salvação! E não há outra! Uma porta estreita, mas que leva à vida, por um caminho estreito, onde Ele caminha conosco, onde, Ele próprio, se faz “caminho”. Que a nossa opção seja a de entrar por esta porta, ou senão abrir a nossa porta, para que Ele possa adentrar: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo”. (Ap 3,20)