Terça feira da 34ª Semana do Tempo Comum. A semana vai se delineando em meio às nossas atividades rotineiras. Vida que segue, nos instigando a fazer a nossa parte na construção do novo mundo que queremos e buscamos. Outro mundo possível! Sermos nós, a mudança que queremos ver no mundo. Outra realidade nova, em que as nossas relações, sejam pautadas pelo compromisso inadiável com a vida nossa e do Planeta. Toda vida importa! Neste sentido, são assertivas e servem de inspiração para nós, as palavras ditas pelo treinador de basquete norte americano John Wooden (1910-2010): “Preocupe-se mais com a sua consciência do que com sua reputação. Porque sua consciência é o que você é, e a sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam, é problema deles”.

“Tempora mutantur et nos in illis” (“Os tempos mudam e nós mudamos com ele”). Esta era uma das frases frequentemente ditas pelo nosso professor de latim, nos bons tempos de Seminário Santo Afonso, em Aparecida/SP. Assim é a vida! Vamos caminhando e mudando, dia após dia. O que fomos ontem, não o somos mais no hoje. O meu “Eu” de ontem, ganhou a perspectiva do dia de hoje e assim vamos acumulando experiências, saberes e novas dimensões. Como cada dia é único, nós também fazemos parte deste processo, aprendendo sempre mais, mesmo que não nos atentemos para esta dinâmica de crescimento. Caminhando e aprendendo, na abertura que possibilitamos. Aqueles que acham que sabem tudo, privam-se de um dos maiores prazeres da vida: aprender saberes.

Seguindo em frente, buscando novos horizontes. O passado se foi. O futuro está por vir, mas o presente está aí, e requer que estejamos prontos para construir o aqui e agora. Depende de nós, tomarmos pé da realidade e conscientemente darmos a nossa parcela de contribuição, para que a vida seja mais palatável nos tempos vindouros. Não estamos caminhando para o fim dos tempos, mas para o fim da humanidade toda, caso não mudemos o nosso jeito consumista destrutivo, que o tomamos como opção para o nosso modo de viver. Esta é uma visão escatológica que pode ser pessimista para alguns, mas não para aqueles que se alimentam do esperançar de Deus. Escatologia que é um termo grego “éskhatos”, que quer dizer, “extremo” ou “último”, agregado ao sufixo “logia” (estudo), forma o significado literal de “estudo das últimas coisas.

Segundo o que aprendi nos meus estudos de Teologia, a Escatologia é o estudo das coisas que acontecerão antes e depois do Juízo Final, ou seja, o fim da espécie humana no Planeta Terra. É por este motivo que ela, (a Escatologia), assume um tom apocalíptico e profético, mas na perspectiva cristã, tendo como verdade a ideia da Morte e Ressurreição de Jesus. É nesta perspectiva última, que Jesus, no texto do Evangelho de Lucas de hoje, prepara os seus discípulos, para esta realidade de um final apocalíptico, mas que não deve trazer desanimo e, muito menos desespero, para o discipulado, pois a esperança última é a vida e não a morte.

A profecia de Jesus no texto de Lucas fala sobre a destruição do Templo de Jerusalém. De fato, historicamente, esta destruição ocorreu em 70 d.C., tornando um dos acontecimentos mais marcantes da história antiga, especialmente para o cristianismo. Nos Evangelhos de Mateus, Lucas e Marcos, Jesus previu a destruição do Templo, que ocorreu cerca de 40 anos depois, quando o general romano Tito, filho do imperador Vespasiano, cercou a cidade e destruiu Jerusalém. O Templo era o coração religioso e cultural do judaísmo. Este evento também simbolizou o fim de uma era e o começo de outra, onde o cristianismo começou a se distanciar de suas raízes judaicas e se expandir mais amplamente entre os gentios, crescendo como uma religião independente do judaísmo.

A profecia de Jesus vai além de uma perspectiva apenas voltada para a valorização do Templo como um espaço sagrado. Se para os antigos judaizantes, o Templo era o símbolo da relação de Deus com o povo escolhido, para Jesus esta dinâmica muda, mostrando que o fim de uma instituição não significa o fim do mundo e nem o fim da relação entre Deus e as pessoas, que Ele ama. Jesus coloca a pessoa humana no lugar do Templo. Para Ele e para Deus, as pessoas são muito mais importantes que as paredes do Templo, uma vez que elas são Templos vivos do Espirito Santo. O apóstolo Paulo, foi talvez, quem mais soube decifrar este enigma, quando assim ele escreve: “Vocês não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é santo, e esse templo são vocês”. (1Cor 3,16-17)