Quinta feira da Décima Sétima Semana do Tempo Comum. Agosto chegou com gosto. O inverno por aqui com sabor amargo. O cheiro e a fuligem das queimadas tomam conta do ar. Respirar tá difícil por aqui! O trato com a nossa Casa Comum, por alguns daqui, beira ao suicídio. Com o vento correndo veloz, tudo se espalha. O fogo que foi criado para ajudar o homem em sua sobrevivência, se transformando em destruidor da natureza. Infeliz da pessoa que vê no fogo uma forma de limpar a “sujeira das folhas”. “Todos devemos contribuir para deter a destruição da nossa casa comum e restaurar os espaços naturais”, afirmou o nosso Papa Francisco recentemente.
É agosto. Para a Igreja Católica, este é o mês dedicado às vocações. A cada domingo a Celebração Litúrgica é dedicada a uma vocação específica: presbiteral, matrimonial, religiosa e leiga. Lembrando que a vocação primeira e mais importante de todas, é a vocação à vida cristã! Todos e todas somos chamados por Deus a uma vocação específica, e devemos viver este chamado dando respostas no cotidiano das nossas vidas, na missão que recebemos de Deus, com os dons que Ele nos concedeu. Quando descobrimos a nossa vocação, damos um sentido novo à nossa vida. “Habitue-se a ouvir a voz do seu coração. É através dele que Deus fala conosco e nos dá a força que necessitamos para seguirmos em frente, vencendo os obstáculos que surgem na nossa estrada”. (Santa Dulce dos Pobres)
Primeiro de agosto. Neste dia a Igreja celebra a festa de Santo Afonso Maria de Ligório (1696-1787). Bispo e doutro da Igreja, fundador da Congregação do Santíssimo Redentor (Redentoristas). Homem de uma notável capacidade intelectual, mística, poética. Advogado aos 16 anos de idade. Um especialista em Teologia Moral. Foi canonizado em 1839, e declarado doutor da Igreja em 1871. O papa Gregório XVI declarou patrono dos Confessores e Moralistas. Fundada por Afonso em 1732, na cidade de SCALA – Itália, tendo como carisma da Congregação: Seguir em tudo o Redentor, evangelizando os pobres e sendo evangelizados por eles. “Quem ama a pobreza é dono de tudo”, resumia Afonso.
No dia de hoje também findamos a reflexão do capitul0 13 do evangelho mateano. Jesus contando as duas últimas parábolas das sete que Mateus condensa neste capítulo: a rede lançada ao mar; e o pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas. Ambas as parábolas trazem em si a dimensão escatológica do Reino dos Céus. Do ponto de vista teológico, a escatologia é a referência a um futuro absoluto e transcendente, que é Deus e que surge em toda reflexão antropológica ao tratar do sentido e da finalidade do homem, da história e do cosmo. O ser humano que convive com a certeza da sua finitude, e que um dia a morte lhe baterá à porta. Portanto, a dimensão escatológica coexiste e acompanha a própria condição humana. Desta forma a pergunta sobre o futuro após a morte, está envolta em mistério, em incerteza e por nós mesmos, somos incapazes de encontrar uma resposta sobre o nosso destino final.
“O Senhor reinará para sempre! Ó Sião, o teu Deus reinará por todas as gerações. Aleluia!” (Sl 146,10). Deus é Senhor da História e, com Ele passamos a ser imanentes em sua transcendência. Divinos como só Ele sabe ser! O nosso Deus tem o domínio de tudo e nos governa. Os que temos fé, sabemos e cremos no seu domínio, na sua soberania e afirmamos que absolutamente nada foge do seu controle. Assim sendo as parábolas de hoje nos ensinam que a consumação do Reino se realiza através do julgamento que separa os bons dos maus. Os que vivem a justiça anunciada por Jesus tomarão parte definitiva no Reino; os que não vivem serão excluídos para sempre. Mas esta não é uma decisão a ser tomada no final da nossa vida, mas é preciso decidir desde já no aqui e agora.
Os ensinamentos de Jesus com as suas parábolas revelam o segredo de Deus para aqueles que têm fé. Em Jesus tudo se renova e toma novo sentido. O Reino dos Céus na perspectiva escatológica não é para nos fazer temer o futuro em Deus, mas para nos preparar para as decisões que vamos fazendo ao longo da vida. Os textos bíblicos quando falam de céu, de glória eterna, ressaltam que não se trata de um espaço, mas de uma presença junto de Deus: “ver tal como Ele é”; “viver e amar como Jesus”. Neste sentido, o inferno se caracteriza pelo afastamento das coisas de Deus. Viver no inferno é experimentar na própria pele a nossa incapacidade de amar. Aquilo que São Paulo traduziu muito bem em um de seus escritos: “O que os olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem entrou no coração do ser humano, é o que Deus preparou para os que o amam”. (1Cor 2,9) Somente em Deus podemos ter tamanha sabedoria, já que se confiarmos na nossa própria capacidade não conseguiremos atingir tal sentido profundo de compreensão. Que venha agosto cheio de gosto!
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