Quarta feira da Oitava Semana do Tempo Comum. Dois dias mais, e entraremos no mês das festas juninas. Maio passou muito rápido! Os tempos modernos voam! Se não tomamos cuidado, a vida passa ligeira e deixamos de viver, conforme os planos de Deus: um dia de cada vez e na totalidade para a qual fomos criados por Ele. Nesta mesma perspectiva de integralidade, Se quisermos resumir toda a ação de Jesus no meio de nós, poderíamos dizer, sem sombra de dúvidas, anunciou a face de um Deus extremamente amoroso e pleno de misericórdia, sintetizado no capítulo 10 do Evangelho de São João: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundancia”. (Jo 10,10).
Agora em casa, ainda um pouco cansado da maratona destes últimos dezesseis dias, tirei uma parte desta manhã para rezar na companhia de nosso bispo Pedro, ali no túmulo, onde descansa seus restos mortais. É sempre bom estar ali, revendo, revisando e repensando a trajetória de vida à luz do legado do profeta. Ele que soube, como ninguém, ser fiel ao projeto do Reino, assumindo radicalmente as causas de Jesus de Nazaré em vida, aqui pelas cercanias da Prelazia de São Félix do Araguaia. Uma forte energia, toma conta da gente ao estar ali, fazendo-nos mais fortalecidos pela mística dos Mártires da Caminhada. Conclui a minha oração com um pensamento seu: “A solução é sempre a esperança. Uma esperança, porém, que comece a trabalhar, que saiba viver o dia a dia, que procure fazer o trabalho de justiça e libertação com os outros”. Esse Pedro!
Estando com o pastor, lembrei-me do outro pastor, que hoje a Igreja celebra o seu dia: Santo Paulo VI (1897-1978). Papa Paulo VI, que teve o seu pontificado, durante os anos de 1963 a 1978. Considerado o maior Papa da história moderna da Igreja, pois foi ele que tirou a Igreja Católica da Idade Média e a trouxe para o debate do século XX. Tudo isso graças ao Concílio Vaticano II (1962-1965), que ele recebeu das mãos de João XXIII, levando adiante as determinações e deliberações deste importante documento, fazendo a Igreja renascer para os tempos modernos, abrindo as portas e janelas da instituição para que adentrassem os ventos da modernidade. Tendo uma visão de Igreja pastoral e uma teologia aprofundada, Paulo VI, não fechou os olhos para as questões contemporâneas de um mundo globalizado, da Guerra Fria, da corrida armamentista e espacial, da revolução sexual.
“O amor é a semente eterna de todas as coisas”, dizia o Papa Paulo VI. Por amor e pelo amor, Jesus segue a sua caminhada com os seus discípulos. No dia de hoje, o evangelista Marcos, traz para nós a cena dele subindo à Jerusalém com os seus discípulos. Nesta mesma caminhada, Ele vai descrevendo para o discipulado, a sua Paixão, Morte e Ressurreição. Na verdade, esta é a terceira vez que o evangelista relata a paixão no conjunto de sua obra. É bom lembrar que, ao falar de sua paixão, Jesus nunca dissocia a morte da ressurreição. Elas estão intimamente ligadas, imbricadas. Todavia, enquanto Ele vai mostrando aos seus, qual será o seu caminho rumo à Jerusalém, os discípulos estabelecem entre si outro tipo de conduta, de comportamento: a disputa pelo melhor lugar.
A paixão e a competição. “Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!” (Mc 10,37) Os filhos de Zebedeu, estão mais interessados nos lugares que hão de ocupar no Reino, um a direita e o outro a esquerda. Mas Jesus revela a eles que o essencial de qualquer discípulo, é buscar o caminho do serviço, a semelhança do servo sofredor, sobre o qual, já profetizara Isaías: “Eram as nossas doenças que ele carregava, eram as nossas dores que ele levava em suas costas. E nós achávamos que ele era um homem castigado, um homem ferido por Deus e humilhado. Mas ele estava sendo transpassado por causa de nossas revoltas, esmagado por nossos crimes. Caiu sobre ele o castigo que nos deixaria quites; e por suas feridas é que veio a cura para nós”. (Is 53,4-5)
Jesus anuncia a sua morte como consequência de toda a sua vida. Sua fidelidade ao Pai o levou ao confronto com as autoridades religiosas, que tramaram a sua morte, em conluio com o Império Romano. Os discípulos e também cada um de nós, somos chamados a colocar-nos com amor e humildade ao serviço de todos, como o servo do Senhor. Os discípulos Tiago e João sonham com poder e honrarias, suscitando discórdia e competição entre os outros companheiros. Jesus mostra que a única coisa importante para quem quer ser seu discípulo e discípula, é seguir o exemplo dele: servir e não ser servido. Na nova sociedade projetada por Jesus, a autoridade não é carreirismo e nem exercício de poder, mas o serviço que se exprime na entrega total de nós mesmos para o bem comum de todos e todas.
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