A arte, a música em particular, não tem pátria. Ainda que às vezes, se preste a patriotismos. Quando criança, eu pouco entendia de música e o que gostava de ouvir (e vez ou outra cantar) se inseria no meio sacro e litúrgico dos tempos de coroinha e seminarista. Mas, aos doze ou treze, interno no Seminário da Pedrinha, encravado em serras e riachos que nada deviam em beleza aos prados e montanhas austríacas, a música foi se apoderando de mim.
Com diversidade de instrumentos disponíveis, tentei aprender alguns, mas parece-me que a coordenação motora não ajudava. E desisti, o que foi bom porque passei a privilegiar a escuta – simplesmente ouvi-las – as músicas, em contemplação que me transportava a terras bucólicas, ao paraíso. Tanto que muita vez me vi advertido pelo Irmão Ladislau ou pelo Padre Furlani para retornar à realidade.

Pedro Avelar. Escritor e poeta.
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