Quarta feira da Primeira Semana do Advento. Das quatro dimensões fortes deste período litúrgico, para a nossa reflexão, a esperança, a paz, a alegria e o amor, estamos dando o primeiro passo rumo ao Natal. Uma das festas importantes do cristianismo, que não podemos deixar ser absorvida pela força do regime do capital, perdendo assim a sua força teológica e eclesial. O Natal não é uma festa que serve apenas para reforçar o nosso poder de compra consumista, de satisfação das nossas gulas, mas para reverenciar aquele que vem em nome de Deus, renovando toda a história da humanidade. O presente maior que temos nesta festa é a criança, gestada no ventre da Mãe, trazendo-nos um projeto novo de vida. Queres mesmo dar um presente, dê a si mesmo como presente, com o coração cheio do esperançar de Deus.
Ontem foi um dia muito triste para todos nós aqui da prelazia. Triste também para todos os que conheceram o Padre Canuto. Sua páscoa nos pegou a todos de surpresa. 83 anos, com a imensa parte deles, dedicados à luta. Se tivéssemos que definir a pessoa de Canuto, poderíamos dizer: um homem da luta pelas causas da vida! Uma “testemunha fiel”, diria nosso bispo Pedro. Certamente, a estas horas, está lá com a sua gargalhada fácil, conversando com Pedro e Dom Tomás Balduino, com quem juntou as forças e as ideias para a criação, em 1975, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Lutou pela vida e pela terra nas mãos dos pequenos. “Ele transmitia esperança no olhar”, disse-me um assentado daqui, assim que lhe comuniquei da sua partida do meio de nós.
Com a tristeza tomando conta de meu coração, nem sequer lembrei-me que ontem foi um dia especial para a minha história de vida. Trinta e cinco anos se passaram desde a minha Ordenação Presbiteral, ocorrida em 1989. Na manhã daquele domingo (03), meu coração não cabia em meu peito. Muita responsabilidade, ao assumir tamanho compromisso de lutar pelas causas do Reino. Um descortinar se abriu no horizonte de minha história, onde fiz questão de não usar o sacerdócio para mim mesmo, mas para todos aqueles/as, pobres, pequenos e marginalizados, que eu, porventura, encontrasse pelo caminho. Quis o destino profético, que eu viesse parar nestas bandas de cá da prelazia, onde conheci Pedro e me apaixonei pela causa indígena. Com ele aprendi e adotei a resistência teimosa, nestas terras em que a injustiça anda solta. Desta forma, assumi como minhas, as palavras de Thomas Jefferson: “Quando a injustiça se torna lei, a resistência se torna um dever”. Dever de lutar, como Canuto.
Ser cristão coerentemente é remar contra a correnteza, de uma sociedade fundada na injustiça, no desamor e na desigualdade. Não estamos sós nesta difícil tarefa de fazer acontecer o Reino, que Deus quer como nosso. Como diz um dos escritos proféticos do Antigo Testamento: “Existe alguma coisa que eu lembro e me dá esperança: o amor do Senhor não acaba jamais e sua compaixão não tem fim. Pelo contrário, renovam-se a cada manhã: Como é grande a tua fidelidade!” (Lam 3,21-23) Fidelidade de Jesus com o projeto do Pai, de trazer vida abundante, sobretudo, para aqueles que mais necessitam de cuidados e atenção: os pobres, marginalizados, desprezados e descartados. Diante da classe política e religiosa de seu tempo, que nem olhava para aquela gente, Jesus cura, liberta e sacia a fome daqueles esquecidos. A compaixão se transformando em ato de libertação.
O texto de Mateus que refletimos na liturgia de hoje é bastante emblemático, sobre o qual precisamos fazer um exercício hermenêutico, para melhor compreendê-lo, teológica e eclesialmente. Primeiro Jesus cura todas as enfermidades daquela gente. Com a sensibilidade em alta, Ele percebe que estão todos famintos e toma as providências para saciá-los. Jesus os sacia de pão e de esperança. Ele não somente anuncia a palavra, mas também faz acontecer o ato concreto de libertação. Teoria que se une à prática, para que a vida aconteça, sem as limitações impostas pela desigualdade social, pela pobreza e exploração dos grandes e poderosos sobre os pequenos.
“Todos comeram, e ficaram satisfeitos; e encheram sete cestos com os pedaços que sobraram. (Mt 15,37) A solução encontrada por Jesus, não veio de uma “vaquinha” feita entre os que tem poder e riqueza, mas da junção do pouco que cada um trazia, transformado em partilha entre todos. A solução não vem do centro, dos palácios, mas da periferia. É na capacidade que cada um tem de partilhar o pouco que tem, que todos serão satisfeitos nas suas necessidades básicas de vida. Curiosamente, o texto de hoje omite o versículo seguinte que diz: “Os que tinham comido eram quatro mil homens, sem contar mulheres e crianças”. (Mt 15,38) Estas pessoas últimas eram tão insignificantes e desprestigiadas, que nem sequer eram contadas pelas lideranças religiosas da Palestina. Este texto quer dizer para nós que não bastam as palavras bonitas, vindas dos púlpitos e altares das Igrejas, mas quando estas palavras se transformam em atos concretos de vida, para os sem vida. Não basta reunir-nos para celebrar a Eucaristia, se esta não se transforma na mesa do pão partilhado para todos e todas. Celebrando o memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, devemos nos transformar em pão que gera vida e sacia a fome, nos tornando “Jesuanos” e “Crísticos”. Eucaristia é a mesa partilhada, dom e serviço, pelas causas dos mais necessitados! Louvar a Deus é cuidar dos filhos seus!
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DIRETRIZES MINIMAS PARA PUBLICAÇÃO NO INFORMATIVO UNESER Postado por José Ribeiro (Paraíba) | nov 27, 2024 | Outros Escritos | 0 | DIRETRIZES…