As palmeiras que crescem e embelezam a diversidade da Criação de Deus nos falam ao coração. Elas nascem onde a vida aparece em forma de águas da vida divina, que pousou e se encarnou neste mundo como bênção, fartura, alegria e cultura.
Começo com as pipas dançando ao vento. Papagaios, como eu chamava, nos tempos de criança. Eram feitos de palhas de buritizeiros, usando as hastes das folhagens de tantos dedos, que convidavam as mãos de artistas a produzirem artesenato com temas dos ecossistemas da floresta e do cerrado.
A madeira leve dos galhos suportam cortes delicados, assim como as talas servem para modelar pássaros de asas abertas, que levam o nome nativo de “papagaio de papel”.
Conheço uma artesã que mora perto de casa. Corta com exatidão o miolo dos galhos. Delicadamente, constrói barcos, corações, flores, e até emblemas de times.
Os buritizeiros são designados como plantas do gênero Mauritia, que no feminino significa fecundidade, que é abundante nos alagados de águas geradoras de famílias de palmeiras. Uma infinidade povoa o chão das várzeas e das terras altas, dão folhagens para abrigos de pobres moradores das periferias das cidades e presenteiam frutos saborosos, que hoje os biológos nutricionistas apregoam como salutar alimento de grande teor nutritivo.
Ao buriti, a nossa homenagem maior! Ao vinho de açaí e ao tucumã, a comensalidade e a alegria de estarmos juntos no paraíso da Criação para cuidar e proteger!
A diversidade é abundante. Do dendê nordestino à pupunha amazonense de mil cores. Tenho memória colorida de frutos com muitos tons, que faziam da canoa um arco-íris correndo no rio.
Ao tucumã, a grandeza do compromisso, cortado o caroço em forma de anel e polido, usado para ostentar, nos dedos dos servidores do Reino de Jesus, as grandes causas sociais.
Tenho saudade dos fios de água que minavam e abasteciam os buritizais no grande quintal onde morei durante muitos anos. Morreram todos com o despejo do lixo das obras da cidade que descuidaram dos mananciais e deixaram um saldo de destruição.
A artesã amiga com sua arte recupera o amor em miniatura dos buritizais e nos admoesta a salvar as últimas árvores que resistem.
Em Ezequiel 34, lê-se a profecia das águas curadoras:
“E junto do riacho, à sua margem, de uma e de outra banda, subirá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer; não cairá a sua folha, nem perecerá o seu fruto; nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; e o seu fruto servirá de alimento, e a sua folha, de remédio.”
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