A medida da fidelidade
(Chico Machado)
Sábado da Trigésima Primeira Semana do Tempo Comum. O segundo final de semana do mês de novembro acontecendo num momento crucial da história da humanidade. Humanidade desumanizada, que naturaliza o sofrimento e a dor, dentro da normalidade da guerra, como saída para os problemas além-fronteiras. Situação que nos faz lembrar um dos poemas de Bertolt Brecht (1898-1956): “Pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural. Nada deve parecer impossível de mudar”. (Antologia poética. Rio de Janeiro: ELO Editora, 1982)
O dia 11 de novembro é um marco significativo do século XX. Neste dia, em 1918 assinala o fim da Primeira Guerra Mundial. Ela que teve o seu início em 28 de julho de 1914, terminando assim com a rendição alemã. Foi assinado na França um acordo de paz entre a Alemanha e os Aliados, pondo fim a guerra. Todavia, somente foi oficializado no dia 28 de junho do ano seguinte com o Tratado de Versalhes. A guerra é uma insanidade da humanidade, como o filósofo e escritor francês Paul Valéry (1871-1945) assim o diz: “A guerra é um massacre entre gente que não se conhece para proveito de pessoas que se conhecem, mas não se massacram”.
Em se tratando do conflito entre Israelenses e Palestinos, não podemos dizer que se trata de uma guerra em si, mas de um genocídio criminoso de um povo. Há 75 anos o povo palestino vem sofrendo com a insânia de um povo, desde a criação do Estado de Israel em 14 de maio de 1948. Em nome da guerra, bombardeiam hospitais e escolas, matando centenas de milhares de civis, sobretudo crianças indefesas. Israel se esquece de que do outro lado há vidas humanas e que o Hamas não é o povo palestino e nem o povo palestino é o Hamas. Tem razão o Papa Francisco quando diz: “Basta com as guerras! Elas são sempre uma derrota”.
Muitas das insânias da humanidade são cometidas em nome da religião. De saber que Jesus não pregou a religião em si, mas anunciou o Reino de Deus. Reino que é muito maior que qualquer igreja ou religião. O parâmetro principal para se ter uma noção maior do Reino é a figura de Jesus de Nazaré, que o apostolo Paulo, resumidamente assim o definiu: “Jesus Cristo, Senhor nosso, embora sendo rico, para nós se tornou pobre, a fim de enriquecer-nos, mediante sua pobreza”. (2Cor 8,9) Mesmo sendo de ascendência divina, se fez um de nós, assumindo a nossa condição humana até as últimas consequências. O servo sofrendo assumindo as nossas dores.
Ser fiel ao projeto de Deus revelado em e por Jesus é caminhar em direção ao Reino de Deus. “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas serão acrescentadas a vocês. (Mt 6,33) A aquisição de bens necessários para viver se torna ansiedade contínua e pesada, se não for precedida pela busca da justiça do Reino, isto é, a promoção de relações de partilha, igualdade e fraternidade. O necessário para a vida virá junto com essa justiça. Uma linguagem difícil de ser entendida pelos fariseus do tempo de Jesus e também pelos dos tempos atuais. Para eles e os nossos, Jesus diz claramente: “Vós gostais de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações. (Lc 16,15)
Mais uma vez Jesus nos faz entender que a vida dos que o seguem, do discipulado, passa necessariamente pela fidelidade à sua palavra e a seus ensinamentos. Mais do que doutrinas, preceitos morais e observância cega da lei, o que vale mesmo é a capacidade de sair de nós mesmos, amar e servir gratuita e incondicionalmente aos mais necessitados. Cada gesto de amor vale a pena! Toda forma de amar, vale a pena! Amar servindo, servindo amando, até as últimas consequências. Ser fiel sempre e em todo lugar! Ser fiel nas pequenas coisas para também sermos fieis nas grandes.
Diante dos fariseus que se preocupavam apenas em seguir a lei pela lei, Jesus subverte esta ótica e propõe que a lei maior é a lei do amor. Santo Agostinho soube como ninguém traduzir assim a vivência deste amor: “Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos”. Incorrigíveis que eram, os fariseus disfarçavam a própria ambição com observâncias externas, mas não eram justos diante de Deus. Com Jesus chegou a plenitude da Lei e o Reino de Deus, e, para nele entrar, é preciso uma decisão: amar na medida da fidelidade.
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