Domingo da Solenidade da Epifania do Senhor. Epifania é a Festa em que prolongamos o Natal. Epifania quer dizer manifestação, palavra originária do grego “epifaino”, que quer dizer, manifestar, aparecer, resplender. Assim, na Epifania, celebramos assim a manifestação de Deus em Jesus como luz, guia e Senhor da história e do Universo. Deus se manifestando teofanicamente, através de seu Filho como Verbo Encarnado, estabelecendo sua morada entre nós.
Conclui a minha conversa orante com Deus, nesta manhã de domingo, na rodoviária de Campinas, aguardando para embarcar para São Paulo, rumo ao Curso de Verão do Ceseep. Isto, depois de visitar várias famílias amigas aqui nesta região, culminando com a celebração, junto com vários amigos e amigas, na casa de uma família camponesa: Raimunda e seu Zé, na região de Brotas. Este já é o segundo ano que celebramos juntos. Nossa amizade sobreviveu ao tempo.
Em todos os anos, na Solenidade da Epifania, a Liturgia sempre nos reserva o Evangelho de Mt 2,1-12. Neste texto, o primeiro Evangelho Sinótico, a comunidade de Mateus, narra para nós o episódio da visita dos magos do Oriente, a Jesus. Na verdade, estes são os primeiros personagens do Evangelho de Mateus a reconhecer Jesus como rei. Saíram de muito longe, para adorar à criança recém-nascida. Trata-se de uma das primeiras surpresas do texto de Mateus. Não é somente Deus se manifestando, mas a pluralidade das raças, representadas pelos magos, que vão ao encontro do Messias que acabara de nascer, manifestando sua aceitação e adesão ao seu projeto de amor.
O centro do poder político, econômico e religioso da época, estava em Jerusalém. Entretanto, não é para ela que se volta, a manifestação de Deus, mas para a periferia: “Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judeia, no tempo do rei Herodes”. (Mt 2,1) Orientados pela estrela, os magos chegam, e se alegram, “Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe”. (Mt 2,11). Entram e vêem, porque é o próprio Deus quem se deixa ver e conhecer na pessoa de Jesus, o Filho amado do Pai, e na comunidade cristã, personificada em Maria, a Mãe do Senhor. Se antes, a atenção de Mateus, se voltava para a pessoa de José, desta vez a centralidade está em Maria.
Mateus fala dos magos do oriente, enquanto Lucas se refere aos pastores. O texto de Mateus nos traz toda uma simbologia teológica, sobretudo na beleza do encontro da manifestação de Deus e o reconhecimento dos magos, que eram consideradas pessoas marginalizadas pela sociedade da época. Neste texto do Evangelho de hoje, Mateus conclui dizendo que: “Avisados em sonho para não voltarem a Herodes, os magos retornaram para sua terra seguindo outro caminho”. (Mt 2,12).
Encontrar Jesus é seguir outro caminho. Seguir outro caminho é a primeira atitude de quem faz um encontro pessoal com o Senhor, e faz a sua adesão pelo seu seguimento. Desse encontro com Ele, surge uma nova maneira de relacionar-nos com Deus e com o outro. Deste encontro, é preciso que tenhamos uma nova mentalidade que rejeita qualquer forma de poder que oprime e mata, amparado, as vezes pela própria religião, Para viver bem a nova relação com Deus é necessário desviar-nos dos antigos caminhos, como fizeram os magos, ao perceberem as intenções dos poderosos de Jerusalém, na figura de Herodes. Quais caminhos temos escolhido, depois que fazemos este encontro pessoal com Jesus? Nossos caminhos, nos conduzem à Belém, ou à Jerusalém?
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