Segunda feira da vigésima quinta semana do tempo comum.
Três dias nos separam da tão sonhada primavera. Porém, antes da sua presença real entre nós, ela tratou de combinar com o Criador para que caísse na tarde noite de ontem, uma boa chuva, para irrigar os brotos e os campos já floridos. Depois de quase seis meses sem tê-las sobre nossas cabeças, choveu copiosamente aqui pelas bandas do Araguaia. O vento não foi capaz de afugentar as nuvens escuras que se projetaram no céu, e a água foi abundante, irrigando também os nossos sonhos primaveris. Um cheiro de terra molhada despertando as lembranças da infância em nós.
O dia 19 de setembro é um dia especial para todos nós educadores e educadoras. Nesta data, há 101 anos, nascia nosso educador maior Paulo Freire (1921-1997). Por isso, no dia de hoje comemoramos o Dia do Educador Social. Aquele profissional que tem por missão a busca pela garantia dos direitos, da atenção e da proteção de pessoas em vulnerabilidade social, situação de risco, ou mesmo de exclusão. Embora não sendo pessoas devidamente valorizadas por uma sociedade que prima pela competitividade de uma política meritocrática, os educadores sociais são peças importantíssimas na política de assistência social. O assistente social da mais cor e sabor aos dias em preto e branco dos vulneráveis.
Profissionais que são de luz e iluminam o caminho de muitas outras pessoas. Todos e todas nós somos seres de luzes. Nascemos sob a luz maior de Deus que brilha em nosso interior, mesmo que alguns de nós tentemos apagar esta luz ou não deixá-la florescer e irradiar na caminhada pela vida. Ainda assim, esta luz está projetada em nosso ser, esperando encontrar o momento de brilhar na vida da pessoa e nas vidas que com ela conviverão. Nascemos para brilhar e sermos luzes na vida das pessoas, como o próprio Jesus assim o diz no texto do Evangelho que a liturgia deste dia nos propõe refletir. Jesus, a luz que brilha nas trevas!
“Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama; ao contrário, coloca-a no candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a luz”. (Lc 8, 16) A missão da luz é brilhar. Este contexto me faz lembrar dos meus tempos de criança, sentado em volta da mesa, olhando para a lamparina a querozene ali à nossa frente, projetando sobre a parede as nossas sombras. Ali ficávamos a conversar até que o sono nos traísse, uma vez que a televisão, muito menos o celular , faziam parte da nossa rotina de vida infante. A luz da candeia iluminava também os nossos sonhos de criança feliz. Quase não tínhamos nada, mas o que tínhamos nos faziam muito felizes. Éramos felizes e o sabíamos, oi acostumados com as pequenas coisas da vida.
Somos seres cheios de luzes e nascemos para brilhar rumo ao infinito. A luz é a Palavra de Deus que se faz presente em nós. Não se apaga a luz da Palavra. A Palavra nasceu para ser irradiada, falada, vivida, praticada, testemnhada. Não somente se anuncia (prega) a Palavra. A Palavra nasceu para ganhar vida em nossas vidas. Vida feita de testemunho coerente, entrega e doaçao de nós mesmos pelas mesmas causas do Evangelho. O próprio Jesus definiu a si mesmo como a Luz: “Eu sou a luz do mundo”. E ainda na sequência, assegurou-nos: “Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”. (Jo 8,12) Ao se declarar como a luz do mundo, Ele nos convida a segui-lo, fazendo parte assim de seu discipulado, sendo luz como Ele na escuridão de um mundo desigual.
Jesus como luz é em pessoa a libertação que Deus quer fazer acontecer na história da humanidade. Esta libertação não é para ser abafada ou ficar escondida, mas para se tornar conhecida e contagiar a todos e todas. Quem acolhe a Luz da Palavra (Boa Notícia), aprende a ver, agir e pensar de acordo com a visão e a ação de Jesus. É uma sintonia que vamos alcançando e conhecendo, na medida em que vamos caminhando. Todavia esta compreensão de quem é Jesus vai aumentando à medida em que vamos agindo no mundo. Quem tenta apagar a luz de Deus em si e não age, perde até mesmo a pouca compreensão que já tem: “Pois a quem tem alguma coisa, será dado ainda mais; e àquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele pensa ter”. (Lc 8,18) Como dizia o padre Zezinho em uma de suas canções: “Dentro de mim existe uma luz.
Que me mostra por onde deverei andar. Dentro de mim também mora Jesus. Que me ensina buscar o seu jeito de amar”. Deus agindo em nós e por nós.
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