Quarta feira da 33ª Semana do Tempo Comum. A luta continua! Somos filhos e filhas da resistência! A Luta faz parte constitutiva do cristianismo, já que somos servos e servas do Reino. Quem não serve para servir, não serve para viver, sob a perspectiva da caminhada com Jesus, que foi categórico com os seus discípulos: “quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês, e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se o servo de todos”. (Mc 10,43-44) Estar disposto a seguir os passos de Jesus, tem que estar preparado para seguir o exemplo d’Ele: servir e não ser servido. Nesta compreensão, a autoridade não é exercício de poder, mas qualificação para serviço que se exprime na entrega de si mesmo para o bem comum de todos e todas.
20 de novembro, “Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra”. Pela primeira vez, celebramos o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, com um feriado nacional, graças a Lei 14.759/23. Antes, apenas alguns estados, tinham esta data como feriado municipal. A celebração desta data foi instituída oficialmente pela Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. Mais importante para o Povo Negro, não é o “13 de maio”, que é a data em que foi promulgada em 1888, a Lei Áurea, simbolizando o “fim oficial da escravidão” e o “reconhecimento da liberdade de trabalho.” Evidentemente que todos sabemos que não foi bem assim, já que o sistema escravagista continua disfarçado de um racismo estrutural, dentro da sociedade desigual e desumana que temos entre nós.
Um dado importante e que poucos de nós conhecemos, acerca do período colonial, é o uso do “Anel de tucum”. Este anel tem sua origem no Período Imperial do Brasil. Enquanto os membros da elite dominante, ostentavam sua riqueza e poder, usando anéis de ouro, os negros e indígenas, criaram o anel de tucum, advindo de uma palmeira nativa da Amazônia, como um símbolo matrimonial e de amizade entre eles, mas também como um símbolo de resistência, na luta contra o sistema escravagista. Usavam-no de forma clandestina, cuja linguagem de libertação, somente eles compreendiam. Nos dias de hoje, o Anel de Tucum é usado por todos aqueles e aquelas, que aderiram à luta pelas causas populares, dentre elas, a Causa Indígena, como eu.
“Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Assim cantava, revolucionariamente, Geraldo Vandré, com a sua canção, “Pra não dizer que não falei das flores”. Assim, vamos fazendo acontecer a nossa história. Se aderirmos ou adequarmos ao sistema, dificilmente seremos capazes de construir uma história diferente, e que traga em sua essência, os valores e direitos, de que somos sabedores, para uma vida digna e condizente com o projeto de Jesus. Entretanto, não basta estar preparado, esperando passivamente a manifestação de Jesus no meio de nós. É preciso arriscar e lançar-nos à ação, para que os dons recebidos frutifiquem e cresçam, como podemos ver no Evangelho que estamos refletindo nesta quarta feira.
“A todo aquele que já possui, será dado mais ainda; mas àquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem”. (Lc 19, 26) Os dons que chegam até nós, são advindos de Deus. Cada um e cada uma recebemos de Deus estes dons. Cabe-nos trabalhar para que tais dons frutifiquem e possam multiplicar. Todos prestaremos contas dos dons que o Senhor fez acontecer na nossa vida: repartimos e o fizemos crescer, ou os escondemos? O que fizemos com os dons que recebemos de Deus? O escritor francês Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), tinha uma maneira própria ao dizer sobre isto: “O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá mais se tem”.
São os frutos produzidos pelas nossas ações, que vamos trazendo o Reino de Deus para dentro da nossa história humana. Por mais que a sua extensão se prolongue para além da história, o Reino precisa acontecer no aqui e agora! Também precisa ficar claro para nós que o Reino de Deus não significa estarmos isentos de problemas, desafios e de lutas. Apesar de todas as nossas limitações, precisamos estar prontos a levar adiante a proposta de Jesus, pois Ele venceu o mal e é um conosco nesta caminhada. Desta forma, somos chamados a fazer a diferença neste mundo, colocando em prática os valores do Evangelho. Os ensinamentos que Jesus nos oferece a cada dia, nos orientam a fazer aquilo que Ele quer que façamos, diante de um mundo carente de amor e de atos de generosidade solidária, para com os que mais necessitam. E aí, já percebeu qual foi o maior dom que Deus lhe concedeu? O que você está fazendo com este dom recebido gratuitamente? Deus nos ama muito e tem confiança em nós. Ele nos, deu uma missão a realizar nesta vida. Não se esqueça disso!
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