Sexta feira da Trigésima Semana do Tempo Comum. Novembro já vem sextando! Entramos no penúltimo mês do ano. Primeiro veio Todos os Santos e Santas de todas as religiões, de ontem e de hoje; no segundo passo, celebramos os nossos falecidos: parentes, amigos, companheiros e companheiras da caminhada, de agora e de antes. Impossível não pensar e rezar no dia de ontem pelos inocentes, assassinados criminalmente nas guerras, sobretudo as crianças. De saber que a cada 15 minutos, uma criança é assassinada no massacre de Israel sobre o território Palestino. A terra que viu Jesus nascer, vivendo há 57 anos uma história de morte.
Rezei, nesta manhã, ainda debilitado, ao lado de nosso eterno guerreiro. Pedro que fez a sua páscoa no dia 08 de agosto de 2020, aos 92 anos, vítima de uma infecção pulmonar. O “Dr. Parkinson”, como ele se referia à doença que o acompanhava há alguns anos, que o maltratou um bocado, não foi a causa-morte, como alguns chegaram a pensar. Rezando junto ao seu túmulo, pedi a sua intercessão junto à “Testemunha Fiel” e à “Comadre de Nazaré”, por todos nós, que ainda trilhamos pelas estradas da vida, na procura do Reino, e na busca de nossa conversão, ao Projeto do Reino. Como ele mesmo sempre insistia conosco: “Jesus de Nazaré, a sua causa e o seu Reino, é o que devemos buscar”.
A fraqueza ainda toma conta de todo o meu corpo. E olha que sou duro na queda! O espírito continua forte, mas o corpo insiste em não querer acompanhar. Uma moleza geral abate sobre todo o meu ser, que mal consigo digitar com dificuldade na tela do celular, na tentativa de rabiscar. Há registros de muitas pessoas na cidade internadas, acometidas por uma virose, acompanhada de diarreia, vômito e febre. Já estou no quarto dia desta maratona. Segundo a médica com quem me consultei dura de 3 a 5 dias. Daqui de casa, sigo sendo solidário a todos até na doença. Este meu estado atual me fez refletir sobre uma frase dita pelo médico grego Hipócrates: “É mais importante conhecer a pessoa que tem a doença do que a doença que a pessoa tem”
Vida que segue! Não poderia continuar esta minha escrita, sem registrar que hoje é um dia importante da história brasileira. O dia 3 de novembro marca o momento da instituição do Direito de Voto da Mulher no Brasil. Em 1932 o Código Eleitoral foi promulgado, garantindo às mulheres o direito de votar, sendo reafirmado em 1934 com a nova Constituição. Uma conquista histórica para as mulheres, marcando assim, os primeiros passos de um avanço significativo na igualdade de gênero no Brasil. Antes, elas eram excluídas do direito de votar. Muito há que caminhar ainda para assegurar definitivamente a temida igualdade de gênero, em todos os âmbitos do cenário nacional, diante de uma sociedade marcada pelo patriarcalismo machista misógino.
Amanhã é sábado, mas já falamos sobre ele no dia de hoje. O sábado é considerado no judaísmo, um dia sumamente especial. No tempo de Jesus, a tradição rabínica seguia rigidamente a tradição do sábado, inspirados no que dizia o Êxodo: “O sétimo dia, porém, é o sábado, dia do Senhor seu Deus. Não faça nenhum trabalho, nem você, nem seu filho, nem sua filha, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu animal, nem o imigrante que vive em suas cidades”. (EX 20,10) Os judeus seguiam piamente aquilo que estava descrito na Lei, conquanto suas convicções hipócritas e seus interesses particulares ou de classe, fossem assegurados. Neste sentido, consideravam a lei como absoluta em sua apresentação literal no Antigo Testamento.
Esta é a principal controvérsia entre Jesus e os fariseus que o texto do Evangelho lucano nos apresenta no dia de hoje. Desta vez, Ele não está no Templo, mas na casa de um dos fariseus, em dia de sábado. Não se trata de um fariseu qualquer, mas um dos chefes deles. Todos os presentes observando Jesus para ver qual seria a atitude dele na observância ou não do “Dia de Sábado”. Movido por sua sabedoria, Jesus os desmascara, fazendo todos compreenderem por seus próprios raciocínios, que a pessoa humana, os animais e todos os demais seres vivos estão acima de toda e qualquer lei: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado”. (Mc 2,27) A lei do sábado deve ser interpretada como libertação e vida para a pessoa humana. Jesus sendo criticado por ter feito a cura de um pobre homem em dia de sábado.
O centro da obra de Deus é o engrandecimento da pessoa humana, criada a imagem e semelhança de Deus. Portanto, interpretar a Lei do Sábado, é dar sentido totalmente novo a todas as estruturas e leis que regem as relações entre as pessoas. Há muitos fariseus perambulando pela nossa sociedade, inclusive dentro das nossas estruturas eclesiais, que ainda não entenderam que, fomos chamados à vida para amar e servir aos que mais necessitam de serem cuidados. Não fomos chamados para cumprir preceitos, normas sacramentais religiosos dentro dos templos, mas para amar em todas as circunstâncias até as últimas consequências. Como Jesus que: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. (Jo 13,1) Ou como diria Agostinho de Hipona (354 .C-430 d.C.): “A medida do amor, é o amor sem medida”. A lei do sábado é a lei do amor incondicional. O resto é balela farisaica.
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