A Décimo Oitavo Domingo do Tempo Comum. Primeiro domingo do mês dedicado às vocações. A primeira delas, a ser lembrada, é a do Ministério Presbiteral. Assim, celebramos hoje o Dia do Padre. O Dia do Padre é comemorado anualmente no primeiro domingo do mês de agosto no Brasil. O padre é um dos membros do clero da Igreja Católica. Depois do Concilio Vaticano II (1962-1965), houve uma ênfase maior no Padre como um Presbítero, já que, segundo a tradição bíblica, Sacerdote é cada um/a dos/as batizados/as, enquanto os “Presbíteros” são os Ministros Ordenados pela imposição das mãos do Bispo, e a invocação do Espírito Santo, tornando-o Presbítero. O padre é um discípulo chamado por Jesus para viver o seguimento e ajudar as pessoas a se encontrarem com Ele, vivendo e proclamando a Palavra, celebrando os sacramentos e vivendo a comunhão.

A cada primeiro domingo de agosto, faço uma retrospectiva da minha história de vida, relembrando aquela manhã do dia 3 de dezembro de 1989 quando, rodeado por toda a minha família e, pela imposição das mãos de Dom Lellis Lara, fui ordenado Presbítero. Um filme que passa na cabeça, coroando exitosamente o meu processo formativo, iniciado no Seminário Santo Afonso, em Aparecida (1976), constituído por 3 anos de estudos no Colegial, 4 de Filosofia (PUC-Campinas), 4 de Teologia (ITESP) e 1 ano de noviciado. Como não lembrar o versículo que escolhi para o meu projeto presbiteral: “Antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci; antes que você fosse dado à luz, eu o consagrei, para fazer de você profeta das nações”. (Jr 1,5) Quanta responsabilidade e, mal sabia eu que, três anos mais, estaria aportando na Prelazia, cujo bispo que eu mais admirava, estava à frente.

Aproveitei para rezar nesta manhã, agradecendo a Deus por tudo o que Ele já fez por mim, ao longo de tantos anos de caminhada. Sua amorosidade e generosidade infinda fez-me estar ali na capelinha da Catedral de São Félix, olhando todas aquelas fotografias das pessoas ilustres que passaram por esta Igreja, sendo que algumas delas estão na Glória do Deus Pai e Mãe de todos nós. Foi amor à primeira vista, por esta Igreja que me identifiquei, assim que aqui cheguei. De lembrar que Pedro traduzia o meu ímpeto juvenil como “o responsável sem juízo”, já que, segundo ele, eu me atirava demais, sem medir as consequências. Tive que retruca-lo certa feita, fazendo a observação pertinente: “olha quem está dizendo isto para mim?” Como se ele não fosse também assim.

Presbítero a parte, seguimos neste domingo refletindo ainda o capitulo seis de São João, como já o fizemos domingo passado e o faremos nos próximos domingos. Aliás, o texto de hoje é a sequência da cena emblemática da “multiplicação e distribuição de pães e peixes”, realizada por Jesus, saciando a fome daquela multidão de pessoas. A cena do contexto de hoje, se dá em Cafarnaum. Cafarnaum que ficava localizada na margem norte do Mar da Galileia, do outro lado do mar. Curiosamente, foi ali que Jesus concentrou o centro de seu ministério na Galileia, conforme os relatos de Mt 9,1-2 e Mc 2,1-5. Lembrando que Cafarnaum foi um importante e próspero centro de pesca e comércio, onde moravam tanto gentios quanto judeus.

A lei do menor esforço. Esta foi à atitude daquela multidão, procurando por Jesus. E o Mestre detecta a intenção deles ao afirmar: “estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos”. (Jo 6, 26) A multidão procura Jesus, desejando continuar na situação de abundância, sem ter que fazer muito esforço, para se alcançar tal objetivo. Aliás, aquelas pessoas desejavam ser governadas por um líder político que decide e providencia tudo, sem exigir a participação efetiva nas conquistas. Todavia, Jesus mostra-lhes que essa não é a solução; é preciso buscar a vida plena, mas isso exige o empenho e dedicação de cada uma das pessoas. Além do alimento que sustenta a vida material, é necessária a adesão pessoal a Jesus, para que essa vida se torne definitiva, começando no aqui e agora de nossa história.

“Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”. (Jo 6,35) Jesus apresenta a si mesmo como aquele que veio de Deus para dar a vida definitiva às pessoas. Ele é o anúncio de si mesmo. É em Jesus e através d’Ele que Deus responde à fome das pessoas que o procuram e lhes oferece a Vida em plenitude. Diante desta oferta da vida plena a nós, fica a pergunta: O que é preciso fazer para ter acesso a esse “pão de Deus que desce do céu para dar a vida ao mundo”? Jesus deixa claro que é preciso acreditar e aderir a Ele, o “pão” que o Pai enviou ao mundo para saciar a fome do mundo. Contudo, esta adesão não se faz apenas cumprindo certos rituais, normas e preceitos religiosos, mas estabelecendo uma ligação de caminhada com Ele, escutando e praticando a Palavra, fazendo da nossa vida também “Pão”, para saciar a fome dos famintos, sem duvidar. Com Pedro aprendi: “Na dúvida, fique do lado dos pobres”. Eis aí uma opção clara e objetiva.