Sábado da Décima Quinta Semana do Tempo Comum. Segundo os amigos mais próximos, hoje celebramos o dia daqueles e daquelas que deixam os nossos dias mais alegres. Dia 20 de julho é o Dia do Amigo e da amiga. Desde a década de 1990, se celebra aqui no Brasil, o dia desta pessoa tão importante em nossas vidas. Ter um dia pra chamar de seu, é uma grande oportunidade de realçar o poder da amizade como meio de motivar esforços de paz e construir pontes entre pessoas. Assim, além das homenagens aos amigos, o dia de hoje pode ser usado também para conectar-nos com outras pessoas que estão distantes de nós e são importante tê-las no convívio da amizade. O amigo é alguém que conhece a canção do nosso coração e pode cantá-la quando a gente esquece a letra.
Enfim, depois da maratona de uma semana, estou de volta ao meu cantinho em São Félix do Araguaia. Cansado, mas voltando aos poucos a minha rotina e também retomando aqui a arte de rabiscar. Uma semana pra lá de diferente. Oportunidade para renovar o meu espirito, estando ao lado de uma dezena de jovens religiosos e religiosas, vindos das mais variadas partes deste nosso imenso Brasil. Uma alegria imensurável, estar ali ao lado daquela gente, bebendo de sua jovialidade, sua alegria contagiante, sua espiritualidade e profetismo percorrendo as veias. Lembrei-me dos bons tempos iniciais de minha vida religiosa, fazendo uma revisão geral de quem eu fui e quem eu sou hoje. A presença deles e delas se fez presente em meu passado, me fazendo crer que fiz as escolhas certas, ao longe desta minha trajetória histórica, aqui por estas bandas.
Viver é fazer opções. A caminhada de fé se faz nas tomadas de decisões que vamos assumindo ao longo da vida. Optar por Jesus e fazer adesão ao seu Projeto do Reino exige que tenhamos o compromisso com a vida, em todos os sentidos. Fé que não nos transformam e não nos fazem caminhar pelas veredas da vida, não foi provada no fogo do Espirito, que exige que sejamos transformadores da realidade. O projeto libertador de Jesus precisa de pessoas que abracem as causas dos pequenos, para que assim possamos ir construindo o Reino da paz e da justiça que se quer para todos. Como já nos disse São Paulo em uma de suas cartas: “O Reino de Deus não é questão de comida ou bebida; é justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Quem serve a Cristo nessas coisas, agrada a Deus e é estimado pelos homens”. (Rm 14,17-18)
No texto do Evangelho que refletimos no dia de hoje, Jesus está mais uma vez sendo confrontado pelos fariseus. Desta vez, eles chegaram ao extremo de orquestrar um plano para mata-lo. Tudo porque, segundo eles, Ele havia violado a Lei do descanso sabático: “Lembre-se do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalhe durante seis dias e faça todas as suas tarefas. O sétimo dia, porém, é o sábado do Senhor seu Deus. Não faça nenhum trabalho, nem você, nem seu filho, nem sua filha, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu animal, nem o imigrante que vive em suas cidades”. (20,8-10)
Jesus relativiza o conceito absoluto da Lei sobre o repouso sabático que os judaizantes tinham. Isso só não Lhe custou a vida ali naquele momento, porque, ao saber que os seus adversários tinham decidido matá-lo, saiu dali, continuando sua atividade messiânica pública taumatúrgica (realização de milagres e prodígios), em outros lugares. Para Jesus, o mais importante era anunciar o amor misericordioso de Deus. Mateus nos apresentando Jesus como a figura do Servo de Javé. Ele que foi escolhido e enviado por Deus, cheio do Espírito de Deus, realizando a missão de dar a conhecer a todos os povos a verdadeira relação entre Deus e as pessoas.
Jesus deixa claro que a Lei do sábado deve ser interpretada como libertação e vida para as pessoas. Por outro lado, as lideranças religiosas e os dirigentes políticos de partidos diferentes e inimigos entre si, reúnem-se para planejar a morte desse profeta que os incomodava: afinal, Ele está destruindo a ideia de religião e sociedade que eles tinham, e que mantinha o poder de dominação e exploração em suas mãos. Jesus não faz questão que suas ações fossem divulgadas em forma de publicidade. Ciente de sua missão, Ele sabe que é o Servo de Javé, isto é, o novo mediador que traz e garante para todas as pessoas a salvação misericordiosa de Deus. Em Jesus, Deus mostra o seu rosto misericordioso e quer libertar a todos e todas das estruturas da Lei que oprime e mata. Como cristãos seguidores de Jesus, devemos ser contrários a toda a forma de luta violenta, mas agir energicamente com todas as iniciativas não violentas, para afirmar a justiça, o respeito pelos direitos humanos no mundo. Como nos dizia Mahatma Gandhi: “A força gerada pela não violência é infinitamente maior do que a força de todas as armas inventadas pela engenhosidade do homem”.
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