Sexta feira da Vigésima Oitava Semana do Tempo Comum. O mês missionário registrando o 293º dia do ano. Onze dias nos separam de novembro e outros 72 para darmos entrada no ano de 2024. A lua nova que está sobre as nossas cabeças vai dando as coordenadas da primavera. Neste estágio dela, não a vemos no céu. Segundo os mais entendidos no assunto, neste período, apenas a face que não é voltada para a Terra recebe a luz solar e por esse motivo não a enxergamos no céu. A lua nova é o período de recomeços, novas possibilidades, criações e realizações, por isso é ótimo para fazermos planos ou colocarmos os projetos pessoais e coletivos em movimento.
20 de outubro é uma data especial para a literatura brasileira. Comemoramos hoje o Dia do Poeta e da Poetisa. Estas são aquelas pessoas que, com a sua sensibilidade e criatividade, escrevem as mais belas palavras, extraídas de seus corações. O poeta, a poetisa, tem a capacidade de transformar tudo em poesia. São estas pessoas que fazem a nossa vida ser mais amorosa, dada a capacidade que elas tem de nos fazer sonhar as utopias no horizonte da realidade. O que seria do Brasil sem as figuras como Carlos Drummond de Andrade (1902-1987); Cora Coralina (1889-1985); Vinicius de Moraes (1913-1980); Adélia Prado (1935); Cecília Meireles (1901-1964), entre tantos outros e outras que enriqueceram a literatura brasileira com o seu jeito de ver o mundo. Amor e poesia se fundem na alma, como diria o escritor francês Honoré de Balzac (1799-1850): “O amor é a poesia dos sentidos. Ou é sublime, ou não existe. Quando existe, existe para sempre e vai crescendo dia a dia”.
Poesia que nos faz sonhar o sonho impossível e também rezar, diante da realidade nua e crua de nossa existência. Vivemos a contradição entre o sonho de Deus que nos criou para a felicidade e a crueldade humana de alguns que se acham no direito de decidirem sobre a vida das outras pessoas. Como se não bastasse a crueldade da pandemia, vivemos em meio a crueldade de uma guerra, mostrando toda a demência da irracionalidade humana. Crianças sendo mortas em meio a um genocídio criminoso programado. O olhar assustado das crianças é aterrador. Ainda que Jesus tenha dito: “Quem escandalizar um desses pequeninos, melhor seria para ele pendurar uma pedra de moinho no pescoço, e ser jogado no fundo do mar”. (Mt 18,6)
Vivemos em meio a uma sociedade hipócrita. A hipocrisia está presente em várias das nossas instituições hoje. Inclusive dentro das igrejas. Foi assim no tempo de Jesus e é também assim na nossa realidade eclesial hoje. Jesus condena veementemente a hipocrisia, como vemos no texto do Evangelho de Hoje. Falando aos seus discípulos e também a uma numerosa multidão, Ele alerta quanto ao nosso jeito de ser hipócritas ao estilo dos fariseus de seu tempo: “Tomai cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia”. (Lc 12,1) Inadmissível para aqueles e aquelas que fazem a sua opção de caminhar com Jesus, e trazer dentro de si o espírito da hipocrisia. Ao inves de seguir as luzes do Espirito Santo, alguns de nós, optam por seguir os holofotes da hipocrisia. De todas as hipocrisias, a religiosa é a pior delas.
A hipocrisia é uma doença mortal. Dizemos que uma pessoa é hipócrita quando aparenta ser aquilo que ela não é na sua essência, mas esconde uma forma de ser completamente diferente. Em outras palavras, hipócritas são aquelas pessoas que expressam com seu comportamento externo e o que sente em seu interior não coincidindo com as suas atitudes práticas cotidianas. Este comportamento falso é um exemplo de hipocrisia. É por este motivo que Jesus condena as atitudes hipócritas dos fariseus. Em contraste com esta conduta, o Evangelho pede aos discípulos que sejam autênticos, isto é, que a vida e ação deles testemunhem no dia-a-dia o compromisso deles com o projeto de Jesus.
No Antigo Testamento, a palavra hipócrita estava relacionada ao ímpio. Ou seja, as pessoas impuras, eram aquelas que se afastavam de Deus. No Novo Testamento, o termo faz referência aos gregos em relação aos atores, já que em suas interpretações dramáticas expressavam sentimentos e emoções falsas, fingidas. Para os filósofos Sócrates e Platão, os sofistas eram hipócritas, pois instalaram na polis de Atenas a partir do século V a. C. ensinamentos e técnicas retóricas com o único propósito de proporcionar a seus alunos, uma ferramenta para convencer o povo nas assembleias. Entretanto, para os discípulos de Jesus não deve ser assim, já que tudo será descoberto e toda a mentira de um sistema social, que não mostra a sua verdadeira face, cairá. A segurança do discipulado está na promessa: quem é fiel ao projeto, terá Jesus a seu favor diante de Deus. “A hipocrisia é uma homenagem que o vício presta à virtude”. (François La Rochefoucauld)
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