Sábado da décima semana do tempo comum. Dia de festa na Igreja Católica. No dia de hoje celebramos a memória de José, apelidado pelos apóstolos de Barnabé, que significa “Filho da Consolação. Ele não fez parte do grupo dos primeiros discípulos de Jesus. Sua importância é fundamental como participante das primeiras Comunidades cristãs nascentes, através do testemunho do Ressuscitado. Foi companheiro de Paulo e, sobretudo, de Pedro na sua peregrinação por Roma. Por sua atuação firme no seguimento de Jesus Cristo, sofreu o martírio, sendo apedrejado até a morte no ano de 61, primeiro século do cristianismo.
Mais uma semana que vai chegando ao seu final que, a despeito dos festejos de Santo Antonio, estamos apreensivos com mais uma tragédia que se abateu sobre nós aqui da Amazônia. O indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, continuam desaparecidos na Amazônia, sem que os órgãos responsáveis pela localização dos dois, façam o devido esclarecimento do caso. Como é de praxe acontecer neste atual governo, há negligências, e se faz corpo mole quando se trata da defesa da vida das pessoas. Somente a repercussão internacional que, nesta sexta-feira (10), a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu em nota oficial que o governo brasileiro “redobre” esforços para as operações de busca pelo indigenista e do jornalista britânico. É muita vergonha para um país que tem se especializado em perseguir e assassinar pessoas que lutam pelas causas indígenas e ambientais.
É tempo de missão! É tempo de se fazer Igreja com as causas do Reino. Ser Igreja é se colocar como missionário das mesmas causas de Jesus. Onde está o teu irmão? Este foi o grito da Campanha da Fraternidade de 1974, escolhido pela Conferência Nacional do Brasil (CNBB). Este é o apelo que também ecoa na nossa missão hoje de sermos continuadores das obras de Jesus de Nazaré, na defesa dos mais indefesos de nossa sociedade. Lutar pela vida do outro é lutar pela nossa vida. Lutar pela vida é reconhecer este dom maior de Deus à nós. A vida não tem preço, mas valor inestimável.
A missão se faz na gratuidade! Este é o apelo que o próprio Jesus mesmo faz aos seus primeiros seguidores e também a nós: “De graça recebestes, de graça deveis dar!” (Mt 10,8) A gratuidade se faz doação nas nossas ações de construção do Reino entre nós. Um Reino que já está presente e ainda não entre nós. A escolha pela missão de anunciar a Boa Nova do Reino se faz ao mesmo tempo em que se vai também denunciando todas as formas de anti-Reino, perpetradas pelos seus opositores. Ação que se faz na gratuidade da missão de quem se doa por inteiro pelas causas do Reino. Lembrando sempre daquilo que nos adverte o evangelista Lucas: “os que pertencem a este mundo são mais espertos, com a sua gente, do que aqueles que pertencem à luz”. (Lc 16,8) Pertencer à luz é andar as claras com o nosso jeito de ser evangelizar, cumprindo a nossa missão.
Para esta missão, Jesus prepara os seus, orientando-os a viver na sobriedade: “Não leveis ouro nem prata nem dinheiro nos vossos cintos; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas nem sandálias nem bastão, porque o operário tem direito ao seu sustento”. (Mt 10, 9-10) Estar desapegado de todas as outras amarras, para que o foco seja dado à missão propriamente dita. O missionário deve ser aquele que não leva a si mesmo, mas a pessoa de Jesus Ressuscitado. Ou seja, deixar ser “cristificado” para que a missão tenha pleno êxito. A missão se realiza mediante o anúncio do Reino e também pela ação que concretiza os sinais da presença do Reino no meio de nós. Ela só pode acontecer e desenvolver na gratuidade, desapego, pobreza e total confiança de que Ele, vai estar agindo em nós, na medida de nossa adesão.
Os que seguem a Jesus são portadores da libertação. Nossa caminhada se faz na medida em que vamos concretizando as ações do Reino. Uma fé madura nos faz entender que a caminhada se faz na comunidade daqueles que aderem ao projeto de Deus. Somos seres de luzes e temos a missão de testemunhar o Ressuscitado presente no meio de nós. Se para o sociólogo alemão Erich Fromm (1900-1980), “a principal missão do homem, na vida, é dar luz a si mesmo e tornar-se aquilo que ele é potencialmente”, na pessoa do Deus vivo, que veio ser presença viva no meio de nós, somos os continuadores das sementes do Reino, semeadas no chão de nossa história. Tudo isto feito na gratuidade da arte de viver.
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