Sábado da Primeira Semana do Tempo Comum. Em tempo de conversão, somos convidados a pensar com carinho na Campanha da Fraternidade deste ano de 2025. Converter a nível pessoal, comunitário e também trazendo para dentro das nossas reflexões vitais a Campanha da Fraternidade. A temática tem tudo a ver conosco e com o futuro da humanidade. Embora odiada por alguns cristãos ultraconservadores, ela foi pensada num contexto mais amplo que o nível de consciência eclesial de alguns que se dizem cristãos. O contexto histórico nos remete aos 800 anos da composição do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis; já se vai também 10 anos de publicação da “Carta Encíclica Laudato Si”, do Papa Francisco; lembrando também da recente publicação da “Exortação Apostólica Laudate Deum”; e não podia ficar de fora os 10 anos de criação da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM). O tema escolhido está na ordem do dia: “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema também: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). Converter-nos é preciso à Ecologia Integral.
Nosso amanhecer neste sábado foi de forma tímida, com o Astro Rei se escondendo por detrás das densas nuvens, prenunciando chuva. A noite anterior foi de um luar esplendoroso, já que estamos com a Lua na sua fase Cheia, refletindo seus lindos raios sobre as águas do Araguaia. Uma noite propícia aos namorados de plantão. No meu quintal clarividente, foi possível ver os transeuntes noturnos, passeando livremente por entre as árvores. Até eles reconhecem a beleza natural da Lua Cheia. A sexta feira despediu-se de nós com um calor absurdo. O verão mostrando a sua cara, ele que se despede de nós no dia 20 próximo, dando lugar a estação do Outono, apresentando-nos a transição entre o calor intenso do verão e o frio do inverno que vem logo à frente.
Um sábado especial para os amantes da boa educação como eu. Comemoramos hoje o “Dia da Escola”. Uma das instituições de maior relevância para a formação educacional da população. A escola é nossa segunda casa! É na escola que as pessoas aprendem e põe em prática vários conceitos essenciais, objetivando a vida em sociedade. É também na escola que começamos a desenvolver o senso crítico, importante para a construção de uma sociedade politizada e menos alienada, cujo crescimento crítico de cada pessoa, ajuda a edificar uma sociedade mais igualitária e decente. Bem que nos dizia nosso educador maior Paulo Freire (1921-1997): “A educação é um ato de amor e, por isso, um ato de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade. Não pode fugir à discussão criadora, sob pena de ser uma farsa”. Vamos cuidar com carinho da nossa escola.
O amor é a fonte primordial para a vida. Sem o amor eu não sou nada! Eu não sou ninguém! O apóstolo Paulo, melhor do que ninguém definiu em poucas palavras a essência da vida cristã: “Permanecendo estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor”. (1 Cor 13,13) O amor é o caminho que ultrapassa a todos os dons e ao qual todos devemos aspirar. “Deus é amor”. (1 Jo 4,8) Jesus é o enviado do amor (Jo 3,16). O centro do Evangelho é o mandamento do amor (Mc 12,28-34), que sintetiza toda a vontade de Deus (Rm 13,8-10). O amor é a fonte de qualquer comportamento verdadeiramente humano, pois leva a pessoa a discernir as situações concretas e a criar gestos oportunos, capazes de responder adequadamente aos desafios e dificuldades.
O amor está também no centro dos ensinamentos e na prática concreta messiânica de Jesus de Nazaré. É sobre este mesmo amor que somos chamados a refletir com o texto que a liturgia reservou para a nossa reflexão hoje. Jesus dando continuidade ao “Sermão da Montanha”, ensinando os seus discípulos a viverem sob a lógica do amor gratuito e incondicional: “Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Eu, porém, vos digo: ‘Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!’” (Mt 5,43-44) Na realidade, Jesus está fazendo referência ao contexto bíblico do Antigo Testamento, mais especificamente a uma citação do Levítico: “Não seja vingativo, nem guarde rancor contra seus concidadãos. Ame o seu próximo como a si mesmo”. (Lev 19,18) Entretanto, a tradição rabínica (essênios e zelotas) do tempo de Jesus, fez um pequeno acréscimo a este texto: “odiarás o teu inimigo”.
Jesus se opõe radicalmente contra a esta concepção do ódio, pois para Ele, o amor é gratuidade em todas as circunstâncias. Para Ele, as coordenadas da relação entre as pessoas tem que ser alicerçada pela capacidade de amar sem medidas. Como o centro do Evangelho é o amor gratuito e incondicional, o relacionamento humano deve ser marcado para além das fronteiras que as pessoas costumam construir. Amar o inimigo é entrar em relação concreta com aquele que também é amado por Deus, mas que se apresenta como problema para mim. Na perspectiva cristã, os conflitos também são uma tarefa do amor. Esta é chave de leitura e interpretação do texto de hoje e que somos chamados a construir relações, cujo comportamento nos faça ser filhos e filhas, testemunhando a justiça do Pai. É o amor e a prática da justiça que Jesus exige para que entremos no Reino. Ter o Reino como pertencimento é deixar-nos ser invadidos pela gratuidade do amor.
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