Quarta feira da terceira semana da quaresma.
Seguimos o nosso roteiro, caminhando firmes em direção ao Calvário ou também Gólgota (o lugar da caveira), colina na qual Jesus foi crucificado, fora da cidade de Jerusalém. No mesmo instante em que mantemos acesa a chama da esperança, no enfrentamento de nossos calvários cotidianos, cada um de nós carregando a sua própria cruz. Deus é fiel sempre. Mantenhamos a paciência e a persistência afinal, Deus nunca dá uma cruz maior que aquela que podemos e temos condições de carregá-la pelas estradas da vida. Com Jesus e por Jesus, vamos caminhando fazendo a nossa história acontecer.
Se no dia de ontem comemoramos o Dia Mundial da Água, nesse 22 de março, dedicamos ao Dia Mundial da Meteorologia. Esta importante área do conhecimento que nos possibilita ter um entendimento maior da atmosfera terrestre, além das oportunas previsões sobre o comportamento do tempo em nosso Planeta. Tais estudos favorecem a nossa ação responsável, diante do cuidado para com a nossa Casa Comum, lembrando, como nos alerta o Papa Francisco, de que o cuidado, não tem a ver apenas com relação ao meio ambiente, mas com a “Ecologia Integral”, abrangendo todos os demais seres que habitam o Planeta.
Papa Francisco que está deverasmente preocupado com o clima hostil da guerra que estamos vivendo na atualidade. Como se a guerra mortal da pandemia não fosse suficiente, as lideranças mundiais seguem com os seus propósitos de matar pessoas inocentes e indefesas em nome de uma cultura beligerante de paz. Ainda ontem, nosso sumo pontífice, denunciou o “escândalo” do “gasto em armas”. Segundo ele, esta é o tipo de escolha que “leva tudo e todos para trás”. “Alocar grande parte da despesa para as armas significa retirá-la de outro setor”, ou seja, “tirá-la novamente de quem não tem o necessário”, afirmou o Papa. Sem nos esquecermos de que aqui no nosso país, no ano de 2019, houve um acréscimo de 96% no comércio de armas de fogo, com a ação deliberada do governo brasileiro em “armar as pessoas de bem”.
“Dura lex sed Lex”. Esta é uma expressão em latim, que traduzida para a língua portuguesa significa que “a lei é dura, mas é a lei”. Esta é a argumentação que os arautos da lei pela lei, sempre trazem à luz do dia. Diferentemente de Jesus que na liturgia do dia de hoje nos faz refletir sobre a importância da lei e o significado dela na nossa prática cotidiana como cristãos seguidores d’Ele. Em três versículos apenas (Mt 5,17-19), o evangelista coloca na boca de Jesus uma reflexão profunda acerca de como a Lei era vista no Antigo Testamento e como a comunidade de Jesus a interpreta no contexto de uma nova sociedade. Não se trata de uma observância da Lei pela Lei, mas por aquilo que ela realiza de justiça e bem viver para todas as pessoas.
Nunca devemos nos esquecer que a comunidade de Mateus era constituída de cristãos judaizantes. Os judeus tinham uma observância severa da Lei, por aquilo que ela representava enquanto Lei. Por mais que Mateus tivesse a intenção clara e objetiva de convidar a comunidade para um olhar para dentro de si mesma, a fim de descobrir a presença de Jesus, que ensina a prática da justiça, sempre havia uma interpretação superficial da Lei, sem levar em conta a prática da justiça. Na concepção de Mateus, Jesus não vem abolir a Lei simplesmente, mas dá-la uma nova significância. Pois para Ele, não bastava o cumprimento cego e fiel da Lei e nem subdividi-la em observâncias minuciosas, criando uma burocracia escravizante. Para Ele a Lei está associada a justiça, a misericórdia, o amor, a fim de que as pessoas tenham vida e relações mais humanas, fraternas e de igualdade entre todos e todas.
“Ama e faz o que quiseres”. Esta foi uma das máximas pensadas por um dos mais importantes teólogos e filósofos nos primeiros séculos do cristianismo, Santo Agostinho (354 d.C.-430 d.C.). Não que Agostinho tivesse um pensamento de que o ser humano pudesse fazer aquilo que viesse à sua cabeça, numa atitude de que liberou geral, mas na compreensão dele, “Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos”. Quem se deixa levar pelas condicionantes do amor pode realizar as coisas de seu coração, pois ele estará repleto de boas vibrações ocasionadas pelas regras do amor. Observar a Lei pela ótica do amor é dar-lhe uma roupagem nova, onde a justiça, a igualdade e a fraternidade terão sempre vez nas nossas relações de irmandade. A nova Lei é a Palavra de Deus. Um Deus sempre fiel aos seus e não os abandona jamais. “Pela Palavra de Deus, saberemos por onde andar”.
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