Reflexões Bíblicas

A Festa da vida (Chico Machado no

Segunda feira da Oitava da Páscoa. Após o Domingo da Ressurreição, a Igreja vive o Tempo Pascal. São sete semanas em que a Liturgia celebra a presença de Jesus Cristo Ressuscitado entre os discípulos, dando-lhes as suas últimas instruções (c.f At 1,2). A Festa da Ressurreição é a Festa da Vida! Um dia somente não basta. A alegria da esperança é tamanha que se estende do Domingo de Páscoa até o domingo seguinte, o Domingo da Misericórdia. É esse período que chamamos Oitava de Páscoa. A solenidade se prolonga, são oito dias para desejar “Feliz Páscoa!” É como se se cada dia dessa semana fosse o Domingo de Páscoa. O Tempo Pascal, dura até Pentecostes, 50 dias acendendo o Círio Pascal, que representa para nós Cristo Ressuscitado, ou a Luz de Cristo.

Festa da vida nova! A segunda é de festa, mas também de tristeza. A Igreja em Saída está de luto. Faleceu nesta manhã (21) em Roma, aos 89 anos, às 2h35 pelo horário de Brasília, 7h35 pelo horário local, Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco (1936-2025). As informações foram dadas pelo Vaticano. Depois de 12 anos do pontificado do 266º Papa, que ficou marcado pela simplicidade e pela sua humanidade, ele nos deixou. O Bispo de Roma, primeiro Papa Jesuíta e latino americano, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ontem foi o dia da sua última aparição, quando da sacada da Basílica de São Pedro, ele fez a sua mensagem de Páscoa “Urbi et Orbi”, com o texto, lido pelo Mons. Diego Ravelli, mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, ressaltando a Páscoa como festa da vida: “Neste dia, gostaria que voltássemos a ter esperança e confiança nos outros e a ter esperança de que a paz é possível!”

“Cristo ressuscitou! Neste anúncio encerra-se todo o sentido da nossa existência, que não foi feita para a morte, mas para a vida. A Páscoa é a festa da vida! Deus criou-nos para a vida e quer que a humanidade ressurja! Aos seus olhos, todas as vidas são preciosas! Tanto a da criança no ventre da mãe, como a do idoso ou a do doente, considerados como pessoas a descartar num número cada vez maior de países”, assim que se deu a última mensagem do Papa em vida. Fica para nós o seu exemplo de vida, sua dedicação às causas dos menos favorecidos, e o legado de um homem de profundo diálogo com o mundo e não somente com os que são da Igreja Católica. Uma das grandes lideranças mundiais fez a sua páscoa no acender das luzes da Ressurreição de Jesus. Papa Francisco vive em cada um daqueles e daquelas que acreditam que é possível ser Igreja, comunhão e participação, aberta e sensível às dores do mundo, fora da ostentação e das paredes mofadas dos templos.

Papa Francisco valorizou por demais as mulheres e a participação feminina em seu pontificado, inclusive convidando algumas delas para fazerem parte nos postos de grande relevância do Vaticano. Nunca tinha acontecido algo semelhante, numa Igreja preponderante e majoritariamente masculinizada. À exemplo de Jesus que, não somente atraiu para seu messianismo a participação das mulheres, como trabalhou no empoderamento delas como protagonistas da missão de levar adiante a proposta do Reino. Mulheres marginalizadas pela sociedade da época, mas que em Jesus encontraram sua valorização como protagonistas da missão. Elas que, no dia de hoje estão protagonizando mais uma cena de extrema relevância no contexto da Ressurreição de Jesus.

“De repente, Jesus foi ao encontro delas, e disse: Alegrai-vos! As mulheres aproximaram-se, e prostraram-se diante de Jesus, abraçando seus pés. Então Jesus disse a elas: “Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão”. (Mt 28,9-10) Como não poderia deixar de ser, são elas que tem o privilégio de encontrarem-se primeiramente com Jesus Ressuscitado. Talvez para dar uma resposta àquela sociedade que via as mulheres como seres vis, sem nenhum valor, desprezíveis, apesar de serem elas as gestoras e progenitoras de todos aqueles homens mal amados e mal agradecidos.

As mulheres são o sinal vivo da Ressurreição de Jesus. Ele está vivo e nós o vimos! De pessoas marginalizadas, elas passam a serem as anunciadoras da Boa Nova do Cristo Vivo Ressuscitado diante de uma sociedade que, além de arquitetar, planejar e executar a morte de Jesus insiste em permanecer ligada às forças da morte. O sistema que gera a morte apela para um último recurso, fazendo uso da mentira e do suborno, tentando neutralizar o surgimento da plenitude de vida. “Os sumos sacerdotes reuniram-se com os anciãos, e deram uma grande soma de dinheiro aos soldados, dizendo-lhes: Dizei que os discípulos dele foram durante a noite e roubaram o corpo, enquanto vós dormíeis”. (Mt 28,12-13) Quem é do amor e pela vida não compactua com as forças da morte, disseminando ódio, mentira e discórdia. Só o amor incondicional é capaz de nos libertar!

Luiz Cassio

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