Sábado da Décima Oitava Semana do Tempo Comum. Agosto com os seus mistérios próprios da crença popular. Como diz o senso comum, agosto é mês de cachorro doido. Segundo os antigos, é o mês mais longo do ano, mas não é isto que estamos vendo acontecer. Ele vai a galope e logo venceremos a primeira quinzena. Os mais pessimistas dirão: “agosto é o mês do desgosto”. Fato é que este mês está presente no nosso itinerário de vida, para que possamos ser melhores do que podemos ser, já que para a Igreja este é o mês específico das vocações. Cada qual com a sua. Vocação que é um chamado. De um jeito ou de outro, todos somos chamados. A voz de Deus ecoa em nossos corações. Assim, façamos como Santa Dulce dos Pobres: “Habitue-se a ouvir a voz do seu coração. É através dele que Deus fala conosco e nos dá a força que necessitamos para seguirmos em frente, vencendo os obstáculos que surgem na nossa estrada”.
No dia 12 de agosto é comemorado o Dia Nacional da Juventude. Este dia foi instituído pela Lei 10.515, de 2002, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. Já estou na minha terceira juventude, já que, de acordo com o Estatuto da Juventude (Lei 12.852, de 2013), é considerado jovem quem tem entre 15 e 29 anos de idade. A Pastoral da Juventude celebra este dia oficialmente no último domingo de outubro em todas as dioceses do Brasil, sendo que cada diocese pode alterar esta data de acordo com sua agenda. Celebrar o Dia Nacional da Juventude é celebrar as lutas e as alegrias de nossa juventude, celebrar a unidade entre as diferentes expressões juvenis e a alegria do seguimento de Cristo. A proposta para este ano é que as juventudes aprofundem a questão da fome, em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2023.
Dia 12 de agosto passa a ser também um marco importante na história de nossa Prelazia de São Félix do Araguaia. Nesta manhã foram depositadas no “Campo Santo” de São Félix, as cinzas de José Pontim. Agente de pastoral por muitos anos, um dos pioneiros, prefeito de São Félix (1983-1988), como nosso bispo Pedro, o sonho dele era ser enterrado no “Cemitério dos Karajá”, a beira do Araguaia. Seus filhos realizaram o seu sonho, e ali, ao lado do tumulo do profeta, descansam seus restos mortais, contemplando toda a beleza do Araguaia.
“Ó gente sem fé e perversa! (Mt 17,17) Esta é a frase dita por Jesus no Evangelho de Mateus escolhido para este sábado. Jesus chateado, porque os seus discípulos não haviam conseguido curar a doença do filho de um pobre homem que foi até eles. Ou seja, preparados e instruídos por Jesus, seus discípulos, que estão iniciando o trabalho de continuar a sua obra, falham nas primeiras tentativas. O motivo é a falta de fé. Eles não acreditam que o poder de Deus se expressa através da ação concreta deles. Eles não entenderam ainda que não lhes basta ter fé em Jesus, é necessário ter a mesma fé d’Ele.
A grande temática para a nossa reflexão neste dia é a vivência concreta da fé. Fé que é um mistério a ser compreendido e desvendado racionalmente, mas que só ganha consistência quando compreendemos com o coração. Conhecer a Deus é senti-lo no mais profundo de nosso ser, de nosso coração. Não apenas como um mero sentimento piedoso, mas como uma atitude radical de viver este mistério. Precisamos adentrar este mistério que a Teologia chama de “Mistagogia”. Uma palavra de origem grega e composta de dois termos: “mist”’ e “agogia”. “Mist” vem de mistério e “agogia” significa “conduzir”, “guiar”. Assim a Mistagogia se torna a ação de guiar-nos, conduzir-nos para dentro do mistério.
Falta de fé é a nossa falta de confiança total de que, através do envolvimento com Jesus, podemos e devemos dar sequência às suas ações aqui e agora. Fazer a adesão a Jesus é estarmos prontos para assumirmos o amor/serviço de continuadores de sua missão neste mundo. Uma fé revolucionaria e transformadora, de quem desinstala e pratica a justiça do Reino. Os seguidores de Jesus, só poderemos ajudar as pessoas a discernirem a realidade (ouvir) e dizer a palavra transformadora (falar) se estivermos plenamente convictos de que Deus quer realizar uma sociedade nova, justa e fraterna.
Que a nossa fé não seja “demasiado pequena”. (Mt 17,20) e assim façamos acontecer o sonho de Deus na nossa história. Como celebramos nesta semana Santa Clara de Assis, fiquemos com esta sua dica: “Nunca perca de vista o seu ponto de partida”.
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