Segunda feira da Vigésima Primeira Semana do Tempo Comum. Entramos na última semana do mês que a Igreja dedica às vocações. Nesta semana temos por meta, refletir sobre o protagonismo dos leigos na Igreja. Nossa Igreja ainda é muito centralizadora, machista e clerical, onde os leigos não tem nenhum poder de decisão, principalmente as mulheres, muito embora sejam elas, a imensa maioria que formam as comunidades dos fiéis. Sobre isso, reforçou o nosso Papa Francisco: “Os leigos não são ‘hóspedes’ na Igreja, mas estão em sua casa”.
Por falar nas mulheres, iniciamos a semana pensando nelas. No dia de hoje, comemoramos o “Dia Internacional da Igualdade da Mulher”. Uma data para nos lembrar da necessidade de lutar pela igualdade de direitos e condições de vida entre homens e mulheres. Muito ainda falta para ser conquistado neste sentido! Diante disto, uma boa pedagogia que devemos adotar para se combater as injustiças em relação às mulheres, é revisar as nossas próprias práticas e atitudes, aceitando o desafio de mudá-las, se quisermos assim respeitar a luta de todas as mulheres. No Brasil, por exemplo, as mulheres só puderam votar a partir do Código Eleitoral de 1932. Apesar dos 92 anos do direito ao voto feminino e serem a maioria do eleitorado, as mulheres têm ainda pouca representatividade no cenário político.
Assim, a semana vai abrindo o horizonte de nossas realizações. Todos e cada um de nós, trazemos no coração o anseio na busca pela felicidade. Ela está ao nosso alcance na medida em que não nos acomodemos, mas tenhamos a disposição de caminhar em sua direção, lutando por aquilo que acreditamos, fundamentados nos princípios e valores que norteiam o nosso coração. Toda forma de amar vale a pena, assim como todo caminhar leva-nos a um horizonte novo. Cada passo dado significa que avançamos em direção às nossas conquistas. Neste sentido, gosto da linha de raciocínio do poeta espanhol Antonio Machado: “Caminante, no hay camino, se hace camino al andar”. (Caminhante, não há caminho, faz-se caminho ao andar).
Caminho que a gente é! Caminho que a gente faz! Caminho que fazemos com Jesus de Nazaré, que no dia de hoje a liturgia nos traz um texto relatando uma das intrigas dos fariseus com Ele. Jesus desmascara a atitude hipócrita daquela gente, que usava a religião para manipular e explorar as pessoas, principalmente os mais pobres. Religião deles que não tinha nada de Deus, pelo contrário; usavam Deus para manter a estrutura de uma sociedade desigual, injusta, promovendo a anti-vida. “Aí de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas!” (Mt 23, 15) Jesus dando a letra e pondo o dedo na ferida.
Um texto bastante significativo, que nos mostra a clareza de Jesus diante daqueles falsos profetas. Ele critica e condena as lideranças religiosas por manterem e sustentarem um sistema formalista e hipócrita. Os lideres religiosos da época de Jesus não consideravam o Reino de Deus como dom gratuito de Deus, nem respeitavam a liberdade dos filhos e filhas de Deus. Este sistema impedia de entrar no Reino, pois não levava à conversão, mas à perversão, destruindo o verdadeiro espírito da Palavra de Deus, chegando, inclusive, a matar até mesmo os enviados de Deus. Jesus mostra que aquela religião formalista e jurídica não era meio de salvação, mas produzia uma prática escravizadora; frontalmente oposta àquela que deve ser vivida por qualquer comunidade cristã.
Os fariseus de lá. Os fariseus de cá. Todos nós podemos ter também as nossas práticas farisaicas hipócritas, em relação a uma vivência de fé equivocada, ao não seguir os ensinamentos de Jesus. Religião nenhuma sozinha salva ninguém! O que salva é a prática da justiça embasa nas atitudes de amorosidade e serviço ao Reino. Não é o cumprimento de rituais, normas e preceitos que nos colocam na dinâmica do Reino. O que nos faz estar em sintonia com o projeto de Deus, revelado por Jesus, é a disponibilidade de amar sem medida, como observa Santo Agostinho. Muitas vezes, Jesus está à nossa porta batendo, querendo entrar (Apoc 3,20), mas o contrário também está acontecendo. Em algumas Igrejas hoje, Jesus continua a bater à porta, mas a partir de dentro, para que o deixem sair! Ocorre que a Igreja acaba prisioneira de si mesma e não deixa o Senhor sair, pois o têm como propriedade para alguns padres, bispos e até de alguns leigos clericais. Libertemo-nos das nossas atitudes farisaicas e deixemos que o Senhor seja hóspede permanente na humilde residência de nosso coração!
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