Décimo Segundo Domingo do Tempo Comum. O quarto domingo deste mês de cinco. Como estamos num ano bissexto este domingo é o 175º. Chamamos ano bissexto aquele ao qual acrescentamos um dia extra, ficando com 366 dias. Um dia a mais para que possamos fazer o melhor que podemos ser, afinal, bondade não faz mal a ninguém. Este processo ocorre a cada quatro anos, com exceção dos anos múltiplos de 100 que não são múltiplos de 400. Tal procedimento visa manter o calendário anual ajustado com o movimento de Translação da Terra e com os eventos relacionados às estações do ano. Assim o último ano bissexto foi em 2020. O próximo será em 2028.

Domingo é o Dia do Senhor para a cultura bíblica. Neste domingo também celebramos a data de um personagem importante para a nossa sociedade. 23 de junho é o Dia do Lavrador. Reconhecidamente de imenso valor, o trabalhador do campo, que luta de sol a sol, trabalhando a terra, para colher o pão de cada dia. Esta profissão surge desde que o homem primitivo se fixou na terra e começou a produzir seu próprio alimento. O lavrador da agricultura familiar é tão importante que, 70% da alimentação que chega às nossas mesas, vem de seu trabalho. O amor pela terra garante a vida. Nas mãos de quem cuida, a terra prospera. Os outros 30%, vem do agronegócio, recheados com todos os tipos de venenos possíveis e imagináveis. Com o trabalho do homem/mulher do campo, enfrentando dificuldades, tormentos e superando desafios, gerando fomento, alimento, garantem o nosso sustento.

Domingo é o Dia do Senhor! Neste dia, por excelência as comunidades se reúnem para celebrar. Como estamos no período litúrgico do Ano B, nos é proposto refletir com o Evangelho da comunidade de Marcos. Neste domingo, seguimos na sequência do texto do domingo passado, em que Jesus, usando das parábolas, dizia aos discípulos como era o Reino de Deus. No texto de hoje, Ele não faz uso das parábolas, mas se faz presente com eles numa barca, num final de tarde, convidando-os a irem a outra margem do Mar da Galileia, região da decápole (as dez cidades), indo parar no território dominado pelos pagãos. Era chamado de “Mar da Galileia”, mas, na verdade, era um lago de água doce, que recebia as aguas vindas do rio Jordão, perfazendo um total de 12 quilómetros de largura e 21 quilômetros de comprimento.

Em meio à travessia, começou acontecer alguns fenômenos, certamente muito típicos daquela região: “Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher”. (Mc 7,37) Uma situação assustadora para os discípulos, que ficaram preocupados com aquelas tormentas, com medo de morrerem. Curioso na narrativa de Marcos é que, durante este momento de turbulências, Jesus estava dormindo tranquilamente num dos cantos da embarcação. Diante do medo que tomava conta deles, tomaram a iniciativa de acordar o Mestre, temerosos de que todos pudessem morrer. Depois de domar os ventos e devolver a calmaria, Jesus os interroga: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” (Mc 4,40)

O medo dos discípulos esta associado à sua falta de fé e de não acreditarem que Jesus é o Messias, o Filho de Deus encarnado entre eles. Mesmo estando ali com eles, não o reconhecem como o enviado de Deus. Mesmo sendo o Senhor da História e dos povos, o medo e a falta de fé deles, faz com que não consigam ver que a ação de Jesus transforma as situações. Mesmo que os discípulos se sintam abandonados, Jesus está ali com eles e não os abandona jamais. Falta-lhes a confiança necessária para acreditarem realmente que Jesus está ali presente com eles.

Nós também temos as nossas tormentas, os nossos medos e inseguranças. Por vezes, achamos que Ele não está conosco e nos sentimos abandonados. Todavia, Jesus sempre importa conosco e não nos abandona jamais: “Eis que estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos”; (Mt 28,20) Jesus é o Deus presente no meio de nós. Assim, somos convidados a aderir, a confiar, a obedecer com total entrega. O medo faz parte da vida de quem caminha. Entretanto, ele não pode nos paralisar, uma vez que fé não combina com medo. Muito menos com covardia, inseguranças e incertezas. Ao longo da caminhada, por várias vezes Jesus diz aos seus seguidores e seguidoras: coragem! Quem tem medo, dá mostras de não ter fé, ou está inseguro nela. Eu sempre gostei do jeito de pensar de nosso bispo Pedro que nos dizia: “O contrário da fé não é a dúvida; é o medo. E não se pode ter medo do medo!” Seguir em frente e crescer no caminho da vida, não se deve ter medo, mas é necessário ter confiança e acreditar que Ele caminha conosco. No barco das nossas vidas, Jesus sempre ali está, acalmando as tempestades que insistem em querer nos fazer desistir, dominados pelo medo. “A esperança é um alimento da nossa alma, ao qual se mistura sempre o veneno do medo”. (Voltaire)