Terça feira da Décima Sexta Semana do Tempo Comum. Julho vai caminhando para o seu final. Nesta ocasião por aqui, realizamos a nossa Temporada de Praia, encerrada neste último domingo passado (21). Muitos visitantes de fora, que se divertem, mas deixam para trás um estrago enorme: muita sujeira às margens de nosso Araguaia. Infelizmente, a consciência ambiental ecológica, não chegou para esta gente. Como diz o nosso Papa Francisco, é necessário passar por uma transformação e conversão, já que o “pecado ecológico” é praticado a luz do dia. Cuidar da Casa Comum é o nosso maior desafio. Não podemos permitir que a Natureza venha desistir de nós, humanos.

Em tempos de “Amizade Social”, tema da Campanha da Fraternidade para este ano de 2024, somos chamados a rever a nossa conduta, o nosso jeito de ser, agir e pensar, diante das demais pessoas que fazem parte do nosso circulo de convivência. Bem que o nosso Papa chamou a nossa atenção na sua Encíclica Fratelli Tutti, quando disse: “A Amizade Social é fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra onde cada uma nasceu ou habita” (FT,1). Estamos falando da dimensão universal do Amor fraterno, que é um sonho de fraternidade e amizade social que não se limita a palavras. A experiência da amizade para além das redes digitais, que limitam e aprisionam as pessoas, dificultando a amizade que passa pelas relações interpessoais.

Falando de amizade, a grande temática para o dia de hoje é a família. Família nossa de cada dia e a Família de Jesus. Mais uma vez somos chamados a refletir com o texto do evangelista Mateus. Uma semana atrás, na terça feira passada (16), também refletíamos o mesmo texto de hoje (Mt 12,46-50), que trata da família de Jesus, pois ali estávamos celebrando a Festa de Nossa Senhora do Carmo. A temática de hoje, aparece também no Evangelho de Marcos 3,31-35, com pequenas diferenças no jeito de escrever, uma vez que Marcos informa que os familiares de Jesus não acreditavam nele. Até diziam que Ele tinha enlouquecido. Por isso, tentavam levá-lo para casa. Mateus, por sua vez, certamente achou essas informações um pouco exageradas para os seus leitores.

No texto de Mateus, Jesus está falando (ensinando) à multidão. Não se sabe exatamente, qual era o número destas pessoas, até porque, na época, não se tinha espaço disponível para concentrar tamanha quantidade de gente. Multidão aqui pode ser traduzida por pessoas anônimas. Estando Jesus ali, chegam os seus familiares e manifestam vontade de falar com Ele. Jesus, ao levantar a questão sobre quem são os seus parentes, declara que essa condição não é fruto da carne e do sangue, mas da escuta atenta e a prática da sua palavra. Todavia, como sempre, os fariseus e os escribas, que não acreditam n´Ele, se articulam na busca por um sinal, sem se darem conta de que estavam diante do Messias enviado, superior a qualquer tipo de sinal: “Então alguns doutores da Lei e fariseus disseram a Jesus: Mestre, queremos ver um sinal realizado por ti”. (Mt 12,38).

A família de Jesus se constitui daqueles e daquelas, seguidores e seguidoras, que escutam a sua palavra, e estão dispostos a abrirem-se à comunhão com Ele, superando todos os laços de consanguinidade. “O Verbo se fez carne e habitou entre nós”. (Jo 1,14) Jesus é a Palavra. Quem acolhe esta palavra, torna-se n´Ele, com Ele, filho e filha do Pai. Para Jesus, o verdadeiro filho faz a vontade do Pai, tal como a fez Jesus, ao deixar-se enviar ao mundo. Com estas suas palavras, Jesus realça a grandeza de sua Mãe, Maria, que abriu o seu ventre para acolher e gerar, segundo a carne, fazendo-se ela mesma discípula, acolhendo a vontade do Pai: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. (Lc 1, 38)

Somos ou também podemos ser da família de Jesus, quando nos fazemos discípulos e discípulas d’Ele, seguindo seus passos na contramão de um mundo desigual. Somos discípulos quando aprendemos seus ensinamentos e os levamos às outras pessoas, trilhando o caminho da vontade do Pai, isto é, a obediência à radicalização da Lei proposta por Jesus. Ao fazermos assim, formamos uma nova geração, diferente da geração má dos fariseus. O estar dentro ou fora é uma questão muito relativa para Jesus. Enquanto a família segundo a carne está “fora”, a família segundo o compromisso da fé está “dentro”, ao redor d’Ele. Desta forma, sua verdadeira família é formada por aqueles e aquelas que realizam na própria vida a vontade de Deus, que consiste em dar continuidade a difícil missão de Jesus. Alguns que acham que estão dentro pode ser que estejam muito por fora. Você se sente dentro ou fora deste processo? “Somos todos irmãos e irmãs”. (Mt 23,8) A família é o santuário vivo onde Deus quer fazer sua morada.