A figura de Nossa Senhora grávida é pouco divulgada, mesmo em imagens que sugerem esse momento.
É uma perda enorme. A figura de uma mulher grávida sempre desperta amor e esperança em quem observa. O gerar no ventre tem um significado muito maior do que simplesmente a lembrança de um feto em formação; se refere a uma qualidade única das mulheres…. a sensação da criação!
Todo o processo formativo inicial do ser humano provem da mãe. Nas primeiras sensações e experiências que o recém chegado absorve estão os sorrisos, o calor o carinho… O pequeno ser, amedrontado, se percebe num mundo que lhe é misterioso e hostil, mas ao mesmo tempo num mundo onde sua proteção e cuidados vem de uma mesma mão, que ele começa a reconhecer como proteção e… amor, percebidas na mãe que o olha, acaricia e lhe dá conforto.
Maria grávida nos faz lembrar que todas essas primeiras sensações, Jesus as recebeu Dela!
O Concílio de Niceia (325 dC) e os demais, reafirmam o mais misterioso e fascinante mistério: Jesus foi totalmente homem sem deixar de ser Deus. Suas experiências e sensações foram as nossas, desde sua concepção no ventre materno até no sofrimento da morte. Logo, pensar em Maria como a mãe de Deus (Theotókos) nos faz perceber que o primeiro carinho, o primeiro beijo, o primeiro afago que Jesus recebeu foi de Maria. E em retribuição, o primeiro sorriso de Jesus foi dedicado a Ela! Sim, Maria ensinou Jesus a amar. O pequeno Jesus estava aprendendo a amar no amor de Maria!
Que mulher extraordinária Deus escolheu para dar tudo isso a Seu filho! O rosto visível de Deus tinha semelhanças com o dela! “Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe” (Sl 139,13).
Com Maria Jesus aprendeu a rir, a cantar, a falar, a comer … Da voz de Maria, o pequeno Jesus ouviu pela primeira vez o nome de Deus. ELE, homem, aprendeu a rezar com Maria. Ouviu Maria chamar Deus de “Pai” e assim a imitou tantas vezes em sua vida (os judeus já chamavam Deus de “pai”. Isso, ao contrário do que se pensa, não foi novidade de Jesus).
Com Maria, desde pequeno, Jesus aprendeu o que é misericórdia, perdão e a servir os pobres, os doentes e os aflitos. Como Paulo nos lembra: “O amor é paciente, é benigno; não arde em ciúmes, não se ufana, regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Co 13: 1-13). Quem, além de Deus, mais se aproxima desse ideal de amor senão uma mãe?
O grande amor que Jesus distribuiu a todos, durante sua vida adulta, foi o Amor que encontrou, pela primeira vez, nos olhos de Maria.
Como todo homem adulto, suas atitudes frente à vida e à maneira como observa o próximo são o resultado de suas experiências na vida. Principalmente na vida familiar.
A importância da mulher judaica naqueles tempos (e ainda hoje) era enorme. Sabia-se que a “qualidade” do ser humano entregue para a sociedade dependia da educação e do convívio com a sua mãe, que na adolescência “o entregava” ao pai para aprender uma profissão e trabalhar. Isso ficou claro em Jesus e nas pessoas que o ouviam extasiadas.
Lembremos da cena em que Jesus faz seus discursos e ensinamentos é interrompido:
“Ora, aconteceu que, ao dizer Jesus estas palavras, uma mulher, que estava entre a multidão, exclamou e disse-lhe: Bem-aventurada aquela que te concebeu, e os seios que te amamentaram!” (Lc 11:27).
Ou seja, reconhecendo neste homem maravilhoso que, empolgado despejava amor com seus atos e palavras e comovia a todos que o ouviam, era fruto da grandeza de sua mãe!
Não sem proposito o evangelho de João, coloca o início da vida pública de Jesus nas bodas de Canaã ao lado de sua mãe.
Na sua resposta aparentemente indiferente e misteriosa “minha hora ainda não chegou!” encontra-se o núcleo central de sua missão. E quando finalmente essa “hora” chega, na cruz, Ela, sua mãe também está presente. Como em sua própria vida, o primeiro olhar do menino-Jesus foi o de sua mãe e do alto da cruz, foi no mesmo rosto que Ele depositou seu último olhar.
Nesse ato máximo de amor aos homens, com seu filho Jesus, Maria aprendeu a amar, mais do que ninguém!
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