Décimo Quarto Domingo do Tempo Comum. O segundo domingo do mês de julho ganha o chão das nossas vidas. Temos a oportunidade de viver segundo os desígnios de Deus, alcançando a plenitude desejada por Ele, superando as dificuldades e desafios da ordem do dia. Como Gonzaguinha já dizia em sua canção: “Viver e não ter a vergonha de ser feliz”.
Neste domingo, entre outras comemorações, fazemos a memória do “Dia da Luta Operária”. Uma data que aproveitamos para homenagear todas aquelas pessoas brasileiras, com um histórico de luta relacionado à defesa das causas sociais e do movimento operário. Ao contrário do que possam imaginar, o Brasil é o país construído com o sangue e o suor de sua classe trabalhadora e não da elite do atraso. Lembrar o dia de hoje é trazer presente a vida desta “brava gente brasileira”. Viva nós! Viva a classe trabalhadora! Viva a classe trabalhadora feminina e feminista!
Hoje, excepcionalmente, redijo o meu rabisco diário na tela do celular, no meio da estrada, a caminho da cidade de Aparecida/SP. Os primeiros 700 km já ficaram para trás e, na divisa de Mato Grosso com Goiás, rezei às margens do Araguaia, mais próximo a sua nascente. Ainda trazendo na memória a nossa vizinha Ilha do Bananal, ardendo em brasa, sendo consumida pelas chamas. Sai governo e entra governo e ninguém faz nada para evitar este caos que se abate criminosamente a cada ano sobre aquela que é considerada patrimônio histórico da humanidade. Alguns poucos pecuaristas se sentindo no direito de queimar aquilo que não lhe pertence.
Na liturgia deste 14° Domingo do Tempo Comum, tomamos contato mais uma vez com o Evangelho de Mateus. Um recorte bastante curto, feito no capítulo 11 deste evangelista. Lembrando que, nos capítulos 11 e 12, Mateus se ocupa em narrar uma das primeiras crises (interna e externa) do discipulado de Jesus; Internamente, João Batista, tido como acima de qualquer suspeita, manifesta a sua dúvida se Jesus era mesmo o Messias; externamente, há o acirramento do confronto entre Jesus, os sumos sacerdotes, anciãos do povo, escribas e fariseus.
Se em outros momentos, Jesus se afasta, reservando instantes para estar a sós com Deus para rezar, aqui o vemos pronunciando publicamente uma das mais belas orações: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. (MT 11,25-26) As coisas de Deus sendo reveladas aos simples, humildes e pobres, e não aos arrogantes detentores do conhecimento. Assim são as coisas de Deus porque é assim que Ele quer que seja.
Deus é o Senhor dos desfavorecidos. Se de um lado, estão os poderosos e opressores, de outro está a força dos pequenos que vem de Deus. O histórico de opressão dos pobres na Palestina do primeiro século era cruel. Como se não bastasse o domínio opressivo do Império Romano, ainda havia a carga opressiva da instituição religiosa, apegados a Lei, com o seu tradicionalismo cruel e desumano em “nome de Deus”, subjugando os empobrecidos.
Diante deste contexto sinistro está o Deus encarnado na pessoa do Filho enviado. Deus é partidário dos pobres, pequenos e sofredores. Com sua palavra e ação, Jesus revela a vontade do Pai, que é fazer o Reino acontecer na história.. Entretanto, os grandes, poderosos,sábios e inteligentes não são capazes de perceber a presença do Reino e sua justiça através de Jesus. Na defesa dos empobrecidos Jesus afirma: “Vinde a mim, todos vós, que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. (Mt 11, 28) Além de receberem de Jesus o seu carisma e poderio, estes são chamados a evangelizar-nos a todos, com a mesma mística libertadora do Reino, embasado pela justiça, o amor e a misericórdia que vem de Deus.
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