APROXIMA-SE O FIM E RENASCE A ESPERANÇA.
Assim, neste final de novembro de 2021, o Ano Litúrgico B chega ao fim de seu turno para abrir-nos as novas preciosidades da fé e da Esperança cristã.
Marcos era o evangelista fiel e mais próximo dos seguidores fugitivos de Jesus, que pela força do seu Espírito vivo e vencedor, trouxe o nascer do novo povo e fez ,a todos , seguir com as “lembranças” e o impacto da Ressurreição. Lembranças do frescor originário e das palavras ecoadas no coração dos que se aventuraram seguir as pegadas do Mestre, continuando sua missão de ir, ensinar e curar.
Essa pedagogia da fé que se desdobra , marcando o tempo litúrgico, podemos comparar às quatro estações da natureza (Casa Comum) e da nossa vida ( Templo do
Espírito), que em sua linguagem revela o ritmo da fé até que Ele venha, em permanente esperança no movimento dos dias ,até fechar o sonho do Reino definitivo.
Na linguagem das estações, em precária comparação, vamos considerar que nos registros dos quatro evangelistas estejam contidas as estações da vida humana. Aqui, fico apenas com o “inverno e o verão”, (o Leão que ruge no deserto e o Touro que relata o enfrentamento do sacrifício por amor). Escrevo da passagem que do Evangelho de Marcos (Ano B) seguiremos para o novo ano com Lucas (Ano C).
Marcos foi tipo “inverno” veloz que “logo” passou. Relata como que o “frio” se apoderou dos tristes e saudosos de Jesus, conturbados pela morte da Esperança. Gelou a alma de quase todos, com exceção de sua Mãe Imaculada.
Mas Marcos , em nossa analogia, é o primeiro que relata o fim do inverno tenebroso, milenar da História de Israel , cheio de contradições entre o profetismo e a monarquia, o vexame da Lei , que segundo João, voando alto como água, faz o Amor superar tudo e trazer o Sol da Justiça do Reino , como escreverá Lucas.
Marcos, curto e bem racional, proclama com a chegada de Jesus, o tempo novo que vai servir a salvação do mundo. Da beira do rio (Jordão) anuncia a necessidade de conversão porque o Messias, Filho de Deus, chegou para fincar os pés e mudar a situação. Até observamos que Marcos, o mais antigo, centra-se como repórter dos feitos de Jesus e não avança nos ensinamentos e sinais que estão na linguagem dos milagres. Importa que seu relato seja todo revelação que Jesus é o Messias, criando suspense e expectativa que Lucas faz como um “verão maduro sem ocaso”. Vai
compor seu relato existencial, inebriado pela alegria da chegada de Deus, “Sol Nascente que veio nos visitar” (Lc.1.78)
Lucas é alegria contagiante, anúncio prazeroso, chegada de Deus Encarnado que trouxe o júbilo e graça plena a Maria: “Alegra-te, cheia de graca, o Senhor está contigo; Bendita és Tu entre as mulheres” (Lc.1,28).
Teólogos, como o José Antônio Pagola, reafirmam que Lucas faz um “Evangelho da Alegria”. Escreve:
“Ao longo de suas páginas somos convidados a acolher Jesus com prazer. Não devemos sair ao seu encontro com medo, preocupação ou receio, mas com alegria e confiança”. (O Caminho Aberto por Jesus, Lucas, Vozes, 2012).
Lucas vai escrevendo e apresentando Jesus como aquele que irradia alegria e atrai para o seu seguimento. Ensina-nos a louvar o grande feito de Deus por estar visitando o seu povo, incluindo a todos e dizendo que há no céu muita alegria pelos perdidos que se achegarem a Ele.
Com o Advento, abrindo a temporada antes de celebrar o Natal, nossos costumes cristãos consolidaram a alegria festiva no mundo, a partir de nossas famílias, para vibrar na noite santa da Memória do nascimento de Jesus.
“Nasceu-vos hoje, na cidade de Davi, um Salvador, que é o Messias, o Senhor (Lc. 2,11)
Simeão, aquele que em nome dos pobres, Lucas tão fortemente faz ser o seu escrito (Evangelho), como nós podemos fazer enquanto discípulos e missionários. Tomar
Jesus nas mãos, e O aderindo no coração, rezar do jeito dele, como quem já deixou o tempo passar para iniciar o novo Ano Litúrgico, expressando-nos assim:
“Agora, Senhor, podes deixar teu servo passar em paz e seguir, porque meus olhos estão vendo tua salvação” (Lc 2,20).
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