Segunda-feira do Tempo do Natal depois da Epifania. No dia 6 de janeiro, a liturgia da Igreja Católica celebra a Festa de Santos Reis, Solenidade também conhecida como celebração da Epifania do Senhor. Nessa festa, refletimos sobre a tradicional visita dos Reis Magos, vindos do Oriente, que saíram de muito longe, para prestar homenagens e adorar o Menino Jesus recém-nascido. Aproveitaram e ofereceram presentes ao menino Deus. Tivemos acesso a está narrativa, no Evangelho de Mt 2, 1-12, que refletimos ontem.

Uma segunda feira diferente para quem convive, como eu, diariamente com a realidade de São Félix do Araguaia. Acordei ainda assustado com o barulho da cidade grande. A capital dos paulistas desperta muito cedo, com os veículos circulando apressadamente pelas ruas. Para quem acorda com o cantar dos pássaros no quintal, sente logo a diferença. Por um instante, fiquei me perguntando: onde estou realmente, até me localizar e me fazer orante, agradecendo a Deus por estar presente na Paulicéia, para mais um Curso de Verão.

Assim que tomei contato com o texto bíblico de hoje, chamou a minha atenção o contexto da vivência da atividade pública de Jesus. Depois de viver a maior parte de sua vida, em Nazaré, convivendo diretamente com sua família, Maria e José, Ele parte para Cafarnaum. É importante salientar que tal mudança ocorre, imediatamente após a prisão do profeta João Batista: “ao saber que João tinha sido preso, Jesus voltou para a Galileia. Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galileia”. (Mt 4,12-13)

Nazaré e Cafarnaum, duas cidades importantes na vida de Jesus. Se na primeira, Ele passou a maior parte de sua vida aprendendo e convivendo com os seus familiares, em Cafarnaum, Ele vai exercer sua atividade pública messiânica, como anunciador da Boa Nova do Reino de Deus. Ou seja, após trinta anos, Ele passou três anos de sua vida pública no anúncio do Evangelho.

Jesus começa sua atividade na Galiléia, região distante do centro econômico, político e religioso da Palestina de seu tempo. O projeto do Reino, sendo anunciado aos pequenos que estão na periferia, bem longe do centro do poder. A esperança da salvação se inicia justamente numa região da qual nada se esperava. O anúncio da Boa Nova de Jesus tem a mesma radicalidade que a de João Batista: é preciso uma mudança total de vida, porque o Reino de Deus (Reino do Céu para Mateus), está próximo.

Acolher a boa Nova do Reino, requer este mesmo exercício de sairmos do centro, e irmos para a periferia. Uma periferia não apenas geográfica, mas também existencial. Ir ao encontro daqueles e daquelas que são os destinatários primeiros do projeto do Reino: os empobrecidos, excluídos e marginalizados. Fazermos também o exercício de sairmos do centro dos nossos interesses egoístas, privilégios comodistas da indiferença, para estarmos ao lado daqueles e daquelas que mais necessitam de nossos cuidados e atenção. O texto de Mateus conclui que: “numerosas multidões o seguiam, vindas da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia, e da região além do Jordão”. (Mt 4,25) Que sejamos também nós estes seguidores e seguidoras de Jesus, na fidelidade ao compromisso com o Reino.